Deputados do PS eleitos pela Beira Interior reclamam a execução do Plano de Revitalização da Serra da Estrela

Nuno Fazenda, deputado do PS eleito pelo círculo eleitoral de Castelo Branco, lamenta que o programa do Governo da AD e a proposta de Orçamento do Estado para 2025 mostrem que “o interior não é uma prioridade”. O deputado admite que a Serra da Estrela é apenas um exemplo da “inação do Governo para o interior” e recomenda a implementação do Programa de Revitalização da Serra da Estrela.

O parlamentar intervinha na Assembleia da República, no dia 16, durante o debate da resolução em que o PS recomenda ao Governo que implemente o Programa de Revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela, dando continuidade aos projetos já aprovados para a região.


Uma resolução da autoria de Alexandra Leitão, Nuno fazenda, Ana Mendes Godinho, Patrícia Caixinha, Ana Abrunhosa, Isabel ferreira, Nelson Brito e Ricardo Pinheiro.

“É perante a inação do Governo sobre a Serra da Estrela que instamos o Governo a implementar o Programa de Revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela, dando continuidade aos projetos que foram lançados e aos investimentos que estão programados para esta região única de Portugal. O Programa de Revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela não pode estar parado, o interior e a Serra da Estrela não podem ficar para trás e têm de estar no mapa das prioridades do país, ao contrário do que este Governo tem feito”, disse.

Dulcineia Moura, deputada do PSD, acusa o antigo governo de “lentidão na implementação de medidas fundamentais” e de “foco em aspetos burocráticos e secundários” que “deixam sérias dúvidas sobre o real compromisso com a Serra da Estrela”. A deputada acredita que, na altura dos incêndios do verão de 2022, os discursos de solidariedade não passaram de palavras.

“Nessa altura ouvimos uma série de discursos carregados de solidariedade e de disponibilidade para resolver os problemas que infelizmente ali nasceram. De um modo geral, foram promessas vazias e cruéis. Foram momentos em que as palavras de conforto e de responsabilidade afinal foram apenas isso. Palavras”.

A deputada do PSD assegura que só em março de 2024, após a tomada de posse do novo governo, foi aprovado o Programa de Revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela.

Dulcineia Moura afirma que “revitalizar sem reflorestar é um mau caminho, porque ignora a génese do problema num território com tanto valor natural, paisagístico e humano” e dá graças por existir um governo que se preocupa com as pessoas.

“Reflorestar é dar prioridade ao território, à prevenção da fauna e da flora e à articulação com a Sociedade Civil, com as autarquias e com a comunidade académica especializada. A Serra da Estrela, as suas gentes resilientes e combativas, os autarcas, as associações, os agricultores, os pastores e toda a comunidade desta região merecem essa intervenção e esse foco na biodiversidade, no bem-estar e na segurança das populações e do seu património. Merecem ser parte integrante de um diálogo de proximidade e a parte ativa da solução. Felizmente temos um governo empenhado em resolver os problemas das pessoas”, acrescenta a deputada.

Nuno Simões de Melo, deputado do Chega, concorda que o Governo do PS “aplicou um penso rápido” e que é hipocrisia recomendar aquilo que não foi capaz de realizar enquanto governava.

“Após o maior incêndio em quase cinco décadas, o que fez o governo anterior? Aplicou um penso rápido. À boa maneira socialista, decisões tardias e a tentar condicionar governos futuros. Hoje, num exercício de cinismo e hipocrisia política, vem esse partido recomendar ao governo em funções que faça o que, enquanto governo, não teve vontade ou capacidade de fazer, ainda que o atual pouco tenha feito”.

Hugo Patrício Oliveira, deputado do PSD, vai mais longe e diz que o que se passa na Serra da Estrela é uma “falta de estratégia” e uma “desconexão com a gravidade da situação” por parte do Partido Socialista. O deputado admite que o PS mostra “desonestidade intelectual” ao pedir responsabilidades ao atual governo.

“Foi uma daquelas promessas que não só soava a demagogia, como se percebia que se tratava de mais uma ação de propaganda. Esta posição insensível, esta postura do governo de então, demonstrava uma clara desconexão com a gravidade da situação. Dois anos depois, a realidade fala por si. Em poucos meses estamos a fazer mais do que foram incapazes de fazer durante os últimos anos. Vir aqui pedir responsabilidade por estes meses, tem um nome: desonestidade intelectual”, admite.

O deputado do PS, Nuno Fazenda, garante que, na altura, houve uma resposta imediata e acusa o atual governo da ausência do interior no programa do governo e da verba inferior a 1.5 milhões de euros que o governo propõe para o Programa de Revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela.

“Logo na altura o governo respondeu de forma imediata e aprovou 200 milhões de euros para a Serra da Estrela. É importante saber quando é que o governo começa a assumir a sua responsabilidade. É que não assume nenhuma responsabilidade. Para além de no programa do governo haver uma ausência do interior, já no Orçamento de Estado também temos um exemplo. Sabe qual é o orçamento que nós tínhamos no programa aprovado pela própria região? 155 milhões. Sabe quanto é que os senhores propõem? Quase 1.5 milhões de euros. Vão cortar 154 milhões à Serra da Estrela? É essa a vossa prioridade com o interior?”, questiona o deputado do PS.

Nuno Fazenda lamenta que “não haja uma visão estratégica” e que o interior não seja uma prioridade para o governo e acredita que “o interior e a Serra da Estrela não podem ficar para trás e têm de estar no mapa das prioridades do país”.