Equipa sénior na Liga 3 empurra contas do Sporting da Covilhã para o negativo

Sócios e direção do Sporting Clube da Covilhã mostram-se “muito preocupados” com a situação financeira do clube que, entre 01 de julho de 2023 e 30 de junho de 2024, apresentou um resultado líquido negativo de cerca de 323 mil euros.

Marco Pêba, presidente da direção do clube, depois de instados por alguns sócios na discussão dos documentos, avançou que até final do ano irá apresentar soluções.


“Nós também estamos preocupados e estamos a tentar arranjar soluções e essas soluções vão ter que ser apresentadas, aqui, em Assembleia Geral, até o fim do ano, não é até ao final da época, porque vai ser muito difícil acabarmos a época sem termos soluções”, disse.

O resultado negativo das contas do clube é consequência do resultado negativo (354 mil euros) da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas, SDUQ, que gere a equipa sénior do clube e que é 100% do clube.

“O resultado líquido negativo da SDUQ (354 mil) transformou o resultado positivo do Sporting da Covilhã em resultado negativo de 323 mil euros”, disse o Técnico Oficial de Contas do clube, Sérgio Passarinha, durante a Assembleia Geral que se realizou esta terça feira à noite.

Uma situação provocada pela descida do clube à Liga 3, que provocou uma quebra de receitas na SDUQ, entre os 700 a 800 mil euros, principalmente na rubrica “direitos de transmissão”, cerca de 450 mil euros, e em receitas de apostas desportivas e subsídio da UEFA em cerca de 200 mil euros.

Estes resultados negativos da sociedade podem por em perigo o “equilíbrio patrimonial do clube”, avisou Sérgio Passarinha.

“Verificamos aqui que há uma redução de 580 mil euros de rendimento e eu acrescia mais 200 mil, que é do subsídio da UEFA, ou seja, temos uma perda de rendimento na ordem dos 700, 800 mil euros. Isto é assustador”, disse.

Quanto aos gastos da SDUQ realça que o ponto que foi mais reduzido foram as despesas com pessoal (jogadores) cerca de 400 mil euros, sublinhando, no entanto, que é preciso ter em atenção que “sem eles não se sobe às ligas profissionais”.

“Portanto é daqui que vem este prejuízo que vai afetar o clube. Cada vez que temos este prejuízo, se mantivermos o que está a acontecer para o ano, vamos ter mais de 300 mil, e depois mais de 300 mil e mais de 300 mil, e o clube que está equilibrado financeiramente pode entrar em desequilíbrio financeiro”. “É urgente avançar para decisões”, disse.

As contas foram aprovadas com 3 abstenções, e com muitas manifestações de preocupação por parte dos associados presentes no Auditório Municipal.

Marco Gabriel mostrou preocupação com a “fraca autonomia financeira do clube”, considerando que o resultado líquido negativo, histórico no mau sentido, deve merecer uma reflexão profunda, antes que o clube “bata no fundo”.

“Compreendo a dificuldade e sei que eles (órgãos socias atuais) não são os responsáveis”, disse, explicando que “o clube foi direcionado para que isto acontecesse. Aconteceu na época passada, ou seja, não tinha sustentabilidade absolutamente nenhuma, enquanto clube. O dia que descesse à terceira liga era isto que podia acontecer e é isto está a acontecer. O que apelo, de facto, é que haja uma grande reflexão e que haja medidas que os sócios consigam ver com uma estratégia de futuro”, disse

Paulo Ribeiro, outro dos associados que usou da palavra neste ponto, mostrou-se “em choque”.

Recordou que já no último exercício a SDUQ teve um resultado negativo de 250 mil euros, vincando que já se sabia que se iam perder estas receitas. Recordou as preocupações manifestadas no ano passado com os possíveis resultados deste ano, que se verificaram, e sublinhou a preocupação com o próximo, exigindo “dinâmicas à direção” que não permitam que o clube vá ao fundo.

“Mas agora, Marco, o dedo apontoo-to a ti”, disse ao presidente do SCC, Marco Pêba, vincando que “é a ti que exijo uma solução, que exijo dinâmica, que foi para isto que foste eleito, com um programa que propuseste para não permitir que SCC vá ao fundo. Nós neste momento, permite-me esta imagem, estamos no meio do poço e, ou levamos um balão de ar quente e vimos para cima ou aterramos lá em baixo. Mas também te vou dizer uma coisa, não me venhas vender SAD, não é a solução”, disse.

Hugo Duarte afinou pelo mesmo diapasão e, sublinhando que os atuais órgãos diretivos eram conhecedores desta situação quando se apresentaram a eleições, há 4 meses, questionou “qual é estratégia” a seguir.

“Partindo do pressuposto, como foi dito, que não é necessária a formação de uma SAD sem ser em campeonatos profissionais, isto foi dito, porque todos nós sabemos das SADs que estão formadas e que são vendidas por 1 euro, porque há uma dívida para trás e depois sabemos como é que isso acaba. A minha pergunta é muito clara aos senhores que foram eleitos há 4 meses: qual é a vossa estratégia?”, questionou

No final da discussão do ponto, o presidente da direção do clube não escondeu que tinha conhecimento da situação financeira, mas não estava a contar, por exemplo, com o ter de pagar mais de 135 mil euros à autoridade tributária por ter perdido o caso com a Bragaparques, sobre o aluguer dos silos auto.

Sublinhando que o grande problema está na perda de receitas da SDUQ comprometeu-se a “apresentar soluções até final do ano”, garantindo que “nada será vendido, nem haverá investidores que não apresentem as suas propostas aos associados em Assembleia Geral”, garantiu.