A Câmara Municipal da Covilhã foi acusada, durante a Assembleia Municipal, de “abandonar” o projeto de reabilitação previsto para o Parque da Goldra.
A obra estava inscrita no Orçamento Municipal com 600 mil euros, retirados na proposta de retificação orçamental a votação na ordem de trabalhos da reunião de dia 30.
Marco Gabriel, do PCP, na discussão do ponto, vincou que “a Câmara propõe desistir de um grande projeto de requalificação de um espaço verde. Estamos a falar de 600 mil euros que irão para despesas gerais de funcionamento”, acusou.
Aponta que “dois pontos imediatamente a seguir ao debate sobre «Desolvimento sustentável, urbanismo e espaços verdes», onde ouvimos juras de amor aos espaços verdes, interessantes propostas para o urbanismo e a promessa de um concelho a caminho do desenvolvimento sustentável”, vem agora propor “a alteração do desenvolvimento sustentável pela navegação de cabotagem, o urbanismo pelo bodo e os espaços verdes pelo Deus dará”, acusou.
A bancada do PSD seguiu a mesma linha. “O que aconteceu ao projeto da Goldra?” questionou Jorge Vaz.
Recordando também a intervenção de Nuno Pedro (PS), durante a manhã, em que referiu que o parque “nunca foi pensado para ser frequentado”, o eleito pelo PSD pergunta se não se pode concluir que “como o parque não foi construído para pessoas, o abandono seja importante. Vamos esperar que não seja nenhum loteamento que esteja pensado para aquele espaço”, disse.
Vítor Pinho (PS) sublinha que “não há abandono”, mas “o reconhecimento” que a verba não será usada até final do ano.
Defende a opção de “pensar melhor o projeto” para se reabilitar “sem cometer os erros anteriores” e com as obras “dar vida ao espaço e não perpetuar o jardim de pedra que lá existe”.
“Ninguém desistiu do Parque da Goldra”, sublinhou Vítor Pereira. Explica que mantém a intenção de requalificar o espaço, mas não avançará este ano. Detalha que irá reunir com a UBI e só depois avançar com alterações.
“Vou sentar-se com o reitor, temos acertos a fazer que têm a ver com o projeto que temos para o Parque da Goldra”, detalhou.
A alteração orçamental proposta, a terceira do ano, envolve verbas num valor global superior a 950 mil euros.
Inclui retirar verbas nas rúbricas “aquisição, construção e reparação de outros edifícios” no valor de 200 mil euros, previstas para obras nas oficias municiais, mas dada a negociação para a aquisição do antigo Espaço das Idades, estas não serão realizadas, justificou Vítor Pereira.
Em arranjos urbanísticos são retirados 90 mil euros, “que tinham a ver com pequenos arranjos que estão a ser delegados nas Juntas de Freguesia”, que já têm apoio noutra rúbrica, disse o autarca.
No orçamento participativo 2017 são retirados 64 mil euros, uma vez que “o valor estava destinado para o desenvolvimento do ringue da Erada, obra que foi assumida pela Câmara, porque existe por baixo uma garagem dos Baldios e houve a necessidade de ajustar projeto por uma questão de segurança”, foi também explicado.
A alteração aumenta rubricas como a limpeza e higiene com 50 mil euros, despesas gerais de funcionamento com 654 mil, eventos culturais 100 mil e festividades cíclicas 150 mil euros.
Vítor Pereira vinca que o se está a fazer é alterar uma previsão que “nem sempre ocorre como queremos”, “é este acerto que está a ser feito, sendo um ajustamento entre o plano plurianual de investimentos e o plano de atividade”. Dá conta que as verbas incluídas em despesas gerais de funcionamento serão utilizadas, por exemplo, em aquisição de materiais para arranjo de estradas e outra matérias-primas.
Um “acerto” criticado pela oposição.
Vítor Reis Silva PCP diz que se trata de “incapacidade de executar o que tem planificado”, sublinhando que se muda vebas para “serviços gerais que são muito gerais”.
João Bernardo, do Grupo Municipal do CDS, sublinhando que não vota contra questões orçamentais, mesmo não concordando com as opções, sublinha que estas alterações “são para não fazer, são para adiar, são para atirar para a frente”.
Hélio Fazendeiro (PS) sublinhou que os projetos descabimentados serão feitas em 2025 “os covilhanenses podem ter a certeza que o PS vai honrar como até aqui a sua palavra”, disse.
A alteração orçamental foi aprovada com 28 votos a favor, 6 contra e 2 abstenções.