Vítor Pereira exige Plano de Revitalização da Serra da Estrela fora “da gaveta do esquecimento do Governo”

Em dia de celebrar “o orgulho de ser da Covilhã”, assim começou o discurso de Vítor Pereira na sessão solene comemorativa dos 124 anos da elevação da Covilhã a cidade, o presidente da Câmara também lembrou “as faturas a pagar por estar no Interior”.

Na intervenção denunciou que o Governo se prepara para colocar na “gaveta do esquecimento” o Plano de Revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela, aprovado, ainda, pelo Governo PS.


“Muitas gavetas de esquecimento parece ter este país, quando se trata de fazer justiça ao interior”, disse, vincando que “uma vez mais, vemos uma dessas gavetas do esquecimento a ser aberta e pronta a guardar lá bem no fundo um plano essencial para ajudar estes territórios”, dando conta que no Orçamento do Estado para o próximo ano “não existe a dotação financeira necessária para prosseguirmos a concretização do Plano de Revitalização da Serra da Estrela, que o anterior Governo aprovou e encetou, após o grande incêndio de 2022”.

Tal como já tinha feito o PS na Assembleia da República, Vítor Pereira deu conta que no documento constam “valores irrisórios” para fazer face ao plano.

Sublinha que os valores inscritos para 2025 nesta rubrica, 1.5 milhões, não chegam para pagar o custo do projeto da Barragem das Cortes que o município irá lançar em breve, questionando onde ficam as verbas para este e outros projetos da Covilhã e da região.

“Para minha estupefação, verifico que apenas lá consta uma verba que não chega a 1,5 milhões de euros. Ora, sendo certo que só o custo do estudo e projeto da Barragem das Cortes, que o Município da Covilhã vai lançar brevemente, custa aproximadamente 2,1 milhões de euros, cumpre-me perguntar ao Governo: de onde é que vamos receber tal verba? E os restantes projetos dos outros municípios que integram o Plano de Revitalização? E os demais projetos do Município da Covilhã inscritos no mesmo plano?”, questionou.

Vítor Pereira frisa que esta é uma situação inaceitável, vincando que o Governo terá de corrigir o documento durante a discussão na especialidade.

“Não. Não permitiremos. Não aceitaremos que alguém meta esse plano na gaveta ou que o deixem a definhar lentamente, por falta de orçamentação. Não aceitaremos que voltem a esquecer-nos, que não queiram saber de nós. Este Governo terá de ir além das habituais ‘juras de amor’ ao Interior e terá de corrigir a mão em sede de especialidade”.

Outro dos temas que dominou a intervenção do presidente da Câmara Municipal da Covilhã foi a operação de resgate do saneamento em alta aprovada na última sexta-feira, em reunião de Câmara, com os votos contra dos três vereadores da oposição.

Tal como fez no final da reunião em declarações aos jornalistas, sublinhou de novo que esta “foi a única opção” que restou à autarquia para “que os covilhanenses possam começar a poupar”.

“Fazemo-lo, apenas e somente, para que os covilhanenses possam finalmente começar a poupar. Fazemo-lo, para que os covilhanenses não continuem a ser os que pagam a tarifa de saneamento mais alta do país e, fazemo-lo, porque a empresa não nos deixou alternativa”, disse

Detalhou que pretende que a taxa de saneamento tenha uma redução superior a 50%, passando os atuais 1,36 euros por metro cúbico para 65 cêntimos, vincando que pretende fazer a redução tão rápido quanto possível, avançando com o primeiro trimestre do próximo ano como meta para o fazer.

Uma vez mais mostrou-se convicto de que a operação, no valor de 5,8 milhões, alicerçada num empréstimo que pode custar cerca de 7,7 milhões, é a melhor opção, apontando que manter a situação como está custaria aos covilhanenses 52 milhões de euros, nos 11 anos que faltam para terminar a concessão.

Vítor Pereira sublinhou que esta é uma operação “vital”, porque é a única forma que a autarquia tem para reduzir o valor que se paga pela tarifa de saneamento.

Um discurso em que o presidente da Câmara passou em revista alguns dos investimentos públicos e privados dos últimos anos, concluindo que o “estado do Município está mesmo muito melhor do que o que encontrou”, garantindo que até ao último dia irá continuar a trabalhar por um futuro melhor para a Covilhã, mesmo que alguns acusem de serem “obras eleitoralistas”, disse.