No âmbito da Rede de Cidades Criativas da UNESCO, a Trienal Design Covilhã 2025 decorre entre 21 de março e 21 de junho para promover o design como “ferramenta de desenvolvimento” da Covilhã e de toda a região.
Segundo Ricardo Gil, diretor executivo da Trienal, o objetivo do evento passa por “valorizar as matérias-primas, o saber-fazer local, os recursos naturais renováveis e os serviços”, sempre com o desenvolvimento em vista.
“Um desenvolvimento que utilize os próprios recursos da região, que permita que a região seja bem gerida e que esses recursos e essa riqueza produzida fique na própria região e que contribua para atrair populações”, explica.
Regina Gouveia, vereadora com o pelouro da cultura na Câmara Municipal da Covilhã, acredita que a Trienal é o “maior evento do plano de ação da Covilhã como Cidade Criativa do Design” e que a contribuição da Ideias Emergentes traz “um olhar diferente”, de forma a “reunir e envolver neste evento o melhor que nós temos”.
“A Trienal é um evento da Covilhã, da Cidade Criativa, mas é de uma região e quer ser um evento com projeção a nível nacional e internacional. E por isso este olhar, esta competência este know-how, experiência que a Ideias Emergentes traz só nos potencia a todos, só nos dá dimensão a todos. Covilhã, cidade, concelho, mas à região também”, acrescenta.
O diretor executivo da Trienal explica que, sob o tema “Paisagens Têxteis”, este evento tem como foco a “relação intrínseca que havia entre as indústrias da Covilhã e a matéria-prima do espaço envolvente” e que o propósito é o de “reconstruir essas relações de uma forma contemporânea”.
O programa da Trienal Design Covilhã 2025 inclui várias exposições, uma conferência internacional, residências e intervenções urbanas.
A exposição internacional “Aqui, agora: Caminhos bioregionais e práticas situadas”, com curadoria de Vera Sacchetti e Frederico Duarte, vai reunir “cerca de 15 casos de estudo internacionais de práticas exemplares”. Sacchetti explica que trouxeram para a Trienal, “uma abordagem bioregional”, “uma maneira de repensar formas de trabalhar” e de perceber como é que “o Design se comporta em relação a ideias de sustentabilidade de um território”.
Frederico Duarte acrescenta que esta abordagem tem a ver com “uma ideia de consciência do território, dos recursos naturais e humanos que regem a prática do design”.
Ricardo Gil explica que, com a “vertente internacional” da Trienal, se pretende “aprender com os casos internacionais” para que estes possam ser replicados.
“Tem uma vertente internacional, em que se pretende aprender com os casos internacionais, mas também uma vertente de trabalhar sobre os bons exemplos do próprio território e permitir que esses exemplos sejam valorizados e possam ser replicados para criar esse desenvolvimento no próprio território”, salienta.
A conferência internacional, agendada para abril de 2025, vai trazer os protagonistas da exposição internacional à Covilhã, abrindo um diálogo entre o contexto local e nacional.
A nível de exposições, a Trienal vai contra com três exposições de contexto com foco na Beira Interior. A primeira é organizada pelo Programa Saber Fazer, promovido pela Direção Geral das Artes, e vai “apresentar exemplos de design vernacular regional e nacional”. A segunda, em cooperação com o Museu dos Lanifícios da UBI, trata a “relação da Covilhã com o design pré-industrial”, com especial enfoque na cor, no tingimento e no debuxo. A terceira, organizada em parceria com a UBI, revela “o talento de uma nova geração de designers”.
A Trienal promove, ainda, várias residências artísticas. A designer Vivien Tauchmann vai estar em residência na Covilhã, onde vai criar “uma nova intervenção a apresentar em maio de 2025”. Paralelamente, a New Hand Lab promove residências de design que “aliam o trabalho experimental em diversas áreas do têxtil, a criação com a comunidade e a exploração multimédia”. Também as empresas locais do ramo têxtil, a Burel Factory (Manteigas), A Transformadora e a J. Gomes, vão, no seio das suas instalações e juntamente com as suas equipas, convidar os designers a “desenvolver novos projetos”.
A Trienal é complementada com eventos, visitas guiadas, oficinas e intervenções urbanas, bem como iniciativas que pretendem “promover a comunidade de design da cidade e da região”. A sua componente participativa e lúdica tem o objetivo de promover uma “cultura do design” sustentada em pressupostos como a “qualidade de vida, a sustentabilidade ambiental, a valorização cultural, a criatividade e o conhecimento”.
Na apresentação do programa estiveram presentes Regina Gouveia (vereadora com o pelouro da cultura na Câmara Municipal da Covilhã), Joaquim Pinheiro (direção da Ideias Emergentes), Frederico Duarte e Vera Sacchetti (curadores da Trienal) e Ricardo Gil (diretor executivo da Trienal). Estiveram, ainda, presentes uma dezena de produtores locais, que tiveram a oportunidade de apresentar alguns dos seus produtos, “numa aproximação da Trienal com os agentes da região”, uma das “premissas basilares” do evento.