Nos primeiros 10 meses do ano o Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica da Coolabora recebeu 96 novos processos de violência doméstica, tendo acompanhado, durante esse período, 233 vítimas adultas (147 transitaram de anos anteriores), sendo que destas, mais de 90% são mulheres.
Os dados foram avançados durante uma sessão pública da Rede Violência Zero que decorreu esta manhã no Salão Nobre dos Paços do Concelho, na Covilhã.
Na reunião Diana Silva, técnica do Gabinete, detalhou que das 96 novas vítimas, 85 são mulheres. Já dos 147 casos que vêm de anos anteriores 126 são mulheres e 11 são homens, o que leva a afirmar que se trata, claramente, de casos de violência de género.
A maioria das vítimas está na faixa etária entre os 36 e os 55 anos (39,9%) mas, sublinhou, regista-se cada vez mais um aumento de casos entre os jovens e nos idosos.
Números que implicam uma resposta cada vez mais adequada, com cada vez mais visitas domiciliarias, realçou.
Relata também um aumento nos casos de violência sexual, que são já 18,5% dos casos.
A violência física também aumentou 30% desde 2020, disse, estando presente em 71,2% dos casos, sendo que a violência psicológica está presente em todos.
Diana Silva, face aos dados, realça que é necessária uma “intervenção judicial mais assertiva e mais célere”, sublinhando que os casos de violência são “cada vez mais graves” e “as consequências para a vítima são cada vez mais danosas”.
A técnica também realçou que em mais de 40% dos casos a relação conjugal já terminou, mas em 36% ainda há co-habitação e em cerca 35% há filhos menores expostos a violência.
São vítimas a que é preciso mostrar que há possibilidade de sair dessa situação, disse a técnica.
“Temos de trabalhar com estas vítimas planos de segurança e medidas que as capacitem a perceber que, independentemente de todos os fatores, há possibilidade de sair”.
“O trabalho da Rede Violência Zero mostra isso. O facto de as respostas acontecerem, se ver mudança nas vítimas, sendo que umas servem de exemplo a outras, serve de motivação para que se peça ajuda e se queira sair”, disse.
Os números foram complementados por Luís Almeida, Subcomissário da PSP, comandante da esquadra da Covilhã, que avançou que na cidade contabilizaram até esta altura 70 crimes de violência doméstica, mais 3 que em todo o ano de 2023.
Sublinha que têm sido cada vez mais as próprias vítimas a denunciar os casos (63 dos 70 casos).
Também nas queixas da PSP é na faixa entre os 20 e os 29 anos que há um maior aumento de vítimas e suspeitos, disse.
A violência física é a que motiva a maioria das queixas, mas também registam casos de violência financeira, social e sexual.
Também neste caso o comandante da esquadra da PSP da Covilhã sublinha o trabalho da Rede Violência Zero, salientando a facilidade de comunicação entre as entidades o que ajuda no apoio à vítima.
Como dado positivo, Luís Almeida sublinha que na Covilhã se regista “um mínimo histórico de reincidências”, o que demonstra o profissionalismo da Rede.
A Rede Violência Zero é coordenada na Covilhã pela Coolabora, tem como parceiros a Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade; Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género; Municípios de Belmonte, Covilhã e Fundão; Administração Regional de Saúde do Centro: ULS Cova da Beira; Centro de Respostas Integradas de Castelo Branco; Centro Distrital de Segurança Social de Castelo Branco; Comissões de Proteção de Crianças e Jovens de Belmonte, Covilhã e Fundão; GNR; PSP; Delegação Regional do Centro do Instituto de Emprego e Formação Profissional; Direcção-Geral da Administração Escolar; Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares – Direção de Serviços da Região Centro; Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais; Federação dos Bombeiros do Distrito de Castelo Branco; Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, I.P.; Ordem dos Advogados – Delegação da Covilhã; Procuradoria da República da Comarca de Castelo Branco; Universidade da Beira Interior.