A Câmara Municipal da Covilhã está a proceder à limpeza de faixas de gestão de combustível na zona sul do concelho, numa extensão de cerca de 61 km, numa área de 110 hectares, um investimento de 99 mil euros, para facilitar o combate, e prevenir, grandes incêndios florestais naquela zona, vincou Vítor Pereira.
O presidente da Câmara da Covilhã explicou que os trabalhos começaram antes do Verão, tiveram de ser interrompidos, sendo agora retomados. Frisa que esta área foi escolhida por ter uma maior densidade florestal.
“Estamos a falar de 61 quilômetros de faixas de gestão de combustível, 10 metros para cada lado, uma área de cerca de 110 hectares, o que é significativo, nas zonas onde há maior densidade florestal”, disse o autarca.
O autarca falava aos jornalistas durante a visita que o executivo e o Serviço Municipal de Proteção Civil realizaram esta manhã aos trabalhos que decorrem nas zonas de Ourondo, Casegas, Sobral S. Miguel, São Jorge da Beira e Aldeia de S. Francisco de Assis.
“Demos prioridade a esta zona sul do Concelho, se bem que também tínhamos feito mais a norte, mas com menos intensidade, nas zonas onde a floresta é mais densa. Para quê? para evitar a propagação, para facilitar a circulação de veículos, e ao mesmo tempo, porque o passado recente aqui, e em outras paragens, nos demonstrou que, existindo esta faixa de gestão de combustível, é mais fácil evacuar, é mais fácil circular, é mais fácil fugir das situações de grande risco”, disse.
Os trabalhos incluem retirar todo o material combustível o que irá facilitar a manutenção que terá que ser realizada ainda antes do Verão, sublinhou também o autarca.
Dá conta que se está a executar o que está previsto “no plano municipal de defesa da floresta contra incêndios”, e que para além desta intervenção, está também a ser limpa uma faixa nas vias municipais florestais, numa extensão de cerca de 80 km, numa área de pouco mais de 60 hectares, trabalhos desenvolvidos em conjunto com a CIM Beiras e Serra da Estrela.
“Um trabalho fundamental”, realça Vítor Pereira.
“A verdade é que temos que estar precavidos”, sublinhou, vincando que “a par com este trabalho de prevenção, há também a sensibilização e a preparação das populações, designadamente estas que estão em zonas mais isoladas”.
O autarca chamou a atenção para as oito “aldeias seguras” que existem no concelho e onde os habitantes já estão “preparados para, em caso de incêndio, tomarem as medidas que são as adequadas e recomendadas pela Proteção Civil”, disse.
Luís Marques, coordenador do Serviço Municipal de Proteção Civil, e também comandante dos Bombeiros Voluntários da Covilhã, aponta grandes vantagens para os operacionais no terreno, tanto no combate como no socorro às populações em caso de incêndio.
“As vantagens, neste caso das faixas de gestão de combustível da rede viária, são conseguirmos transitar com os veículos, conseguirmos chegar a estas aldeias que estão mais afastadas, criando pontos de acesso e sítios onde os combatentes possam atravessar em segurança. Se for necessário fazer evacuações, haverá maior segurança para tirarmos as populações destas zonas, que são zonas rurais, densamente povoadas com floresta e que são sempre suscetíveis a ocorrer grandes incêndios rurais”, disse.
Sublinha que estas ações vão ao encontro da “estratégia” traçada pela Proteção Civil, que “passa por aumentar o programa Aldeia Segura – Pessoas Seguras”, “criar uma rede de reservatórios”, recordando que se pretende “continuar a apostar na criação de reservatórios com pontos de água em zonas de altitude e em zonas onde não existem esses pontos de abastecimento quer para meios aéreos, quer para meios terrestres”.
Está também prevista a limpeza da rede viária florestal, e a sua manutenção, para que seja possível combater o incêndio no seu interior.
“Aumentar a rede primária, também está prevista, em uma faixa de 126 metros nas zonas mais densas de floresta, para conseguirmos ter corta fogos para serem utilizados no verão”, ações que pretendem “dar mais segurança e também aumentar a eficácia no combate aos incêndios”, disse.
Um trabalho na área pública que deve ser desenvolvido junto com os privados, dá conta apontando a importância da sensibilização para a limpeza de terrenos. Um trabalho desenvolvido pela GNR que na área do concelho “está a ser excelente”, disse Luís Marques.
“A GNR tem feito um excelente trabalho no nosso concelho nessa matéria, tem estado com as populações, tem feito a primeira vistoria, em fevereiro/março, faz o alerta, em colaboração com a Proteção Civil Municipal, temos feito ações de sensibilização nas freguesias, para que a GNR vá às freguesias, não só com sentido punitivo, mas também explicar a importância da limpeza à volta das habitações, a proteção que isso dá para que depois não sejam afetadas no verão e a GNR tem desempenhado um papel essencial nessa tarefa em conjunto com a Proteção Civil Municipal”, disse.
Recordar que o trabalho realizado nas faixas de gestão, com a retirada de todo o combustível será complementado, antes do verão, com a limpeza do material mais fino que, entretanto, irá crescer, vincou o presidente da Câmara, sublinhando que estas são ações essenciais, pois este “é um trabalho sempre inacabado”.