A Assembleia Municipal da Covilhã aprovou esta quarta-feira, dia 18, por maioria, o orçamento municipal para 2025, com o valor global de 64,1 milhões de euros, mais 6 milhões que em 2024.
O orçamento passou com 24 votos a favor e 11 abstenções, dos grupos municipais do PCP, PSD e CDS, do eleito da coligação “A Covilhã tem Força” e do presidente da Junta de Freguesia de Cortes do Meio, Jorge Viegas.
“Um orçamento robusto”, que mostra uma Covilhã “dinâmica”, depois de um caminho “notável”, iniciado em 2013, defendeu a bancada do PS.
“Estamos hoje perante o maior orçamento dos três mandatos deste executivo municipal. Um orçamento que, para além de demonstrar ambição, reflete o reforço do posicionamento da Covilhã como uma cidade pujante e dinâmica, que se mantém como principal motor de desenvolvimento da nossa região”, disse Afonso Gomes.
Realçado os três mandatos socialistas, sublinhou o caminho percorrido “e que caminho!” disse.
“Começámos em 2013 com contas desastrosas e hoje apresentamos um orçamento robusto e bem estruturado. Recuperámos a saúde financeira, o saneamento político, executámos bem os fundos europeus, pagámos a dívida, e ainda assim, continuamos a investir no futuro da Covilhã e dos covilhanenses”, vincou.
“A boa gestão e a visão estratégica deste executivo são um exemplo a seguir”, concluiu.
Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal, salientou ainda que, para além dos 64 milhões de euros, a partir de fevereiro o orçamento será aumentado com o saldo de gerência de 2014, tornando-o “enorme”.
“Quando houver a incorporação do saldo de gerência do ano em curso, ou seja, do dinheiro que transita deste ano para o próximo ano, vamos ter um orçamento ainda maior do que este. Se este já é o maior dos três mandatos, esse aí vai ser enorme, vai ser enorme e vai-se executar”, garantiu.
Aponta que “há muitas obras que não vão estar prontas, mas estarão em curso, estarão em andamento, e as que não estão em andamento têm projeto, e outras têm os concursos abertos. Quem vier a seguir vai ter muito que pedalar. Ficam cá projetos, obras de andamento e muita coisa já concretizada”, disse.
Da parte da oposição as críticas foram várias.
Sublinhando que se trata do maior orçamento do mandato, Marco Gabriel, do PCP, sublinhou que ainda assim este não é o que tem maior percentagem em investimento, frisando que a estrutura interna da Câmara se tornou “uma máquina pesada”.
“Se era de esperar que esta evolução se transformasse num aumento da percentagem das despesas de capital, por forma a concretizar obras e projetos que se arrastam desde o início do mandato”, a realidade dos números não mostra essa evolução, detalhou, apontando que “aquilo que vamos assistindo é que a estrutura interna se tornou uma máquina pesada, burocrata, ciosa de despachos e decretos, de normas e regulamentos, mas que não funciona por si, precisa, bastas vezes, da ordem de quem lá está em cima”, disse.
Do mesmo grupo, Vítor Reis Silva mostrou “esperança” de que se execute tudo o que está previsto, mas deixando no ar que se está em ano de eleições “e a realidade com certeza será outra”.
“Acreditamos que é possível, vamos ter esperança que é possível, executar tudo aquilo que se encontra no plano, o que seria bom para as populações, sendo certo que vamos entrar num ano de eleições autárquicas, convém, normalmente, nesses anos inscrever muita coisa para se dizer às populações que está inscrito em plano, que existe intenção de fazer, mas depois a realidade, com certeza, será outra”, disse.
João Bernardo (CDS), começou por frisar que este “não é o orçamento do CDS, nem estas seriam as suas prioridades, afirmando que se trata de um documento de um “PS autista”, concluindo que não poderia votar favoravelmente um orçamento que não contém verbas para as obras essenciais
“Não é o orçamento do CDS, não é o orçamento da coligação a que o CDS pertence, não contém as prioridades que no nosso entender deviam ser priorizadas e deviam ser executadas no próximo ano”, disse.
Vincou que “mais uma vez, vemos um PS autista, a governar-se e a governar para si próprio. É de facto este o instrumento que nós temos hoje aqui para aprovar”, concluindo que “o CDS não pode pactuar” com os documentos apresentados “porque não existem as verbas essenciais para aquilo que é tão necessário para a Covilhã”.
Um orçamento que contém, nas grandes opções do plano, obras essenciais com “verbas insignificantes”, criticou o Grupo Municipal do PSD. Lino Torgal aponta também que se justifica o aumento dessas verbas com o saldo deste ano, o que demonstra que não se fez o que se prometeu.
“Nas grandes opções do plano, verificamos a inscrição de obras com verbas insignificantes”. “O nosso voto não pode ser mais que a abstenção, dado que o orçamento revela novamente insuficiência de informação, sobredimensionamento das rubricas sem controlo orçamental para encaixe de obras de última hora, truques que já verificamos em anteriores edições de anos eleitorais”, disse.
Critica ainda a justificação de obras a realizar “com os saldos que transitam dos anos anteriores, precisamente as obras que não se fizeram”. “O Sr. Presidente acaba de dizer que cumpria tudo aquilo que prometia, pois se as verbas estão a transitar é precisamente porque não cumpriu nos anos anteriores e, portanto, as taxas de execução não são nada daquilo que o Sr. Presidente vem depois aqui a dizer”, disse.
Vítor Tomás Ferreira, da coligação “A Covilhã tem Força” frisa que a sua abstenção “é um voto de confiança”, alertando, no entanto, que é preciso mais “ação”.
“A política também é confiança e acredito no trabalho desenvolvido pelos responsáveis pela elaboração deste orçamento”, disse.
Como “nota de rodapé”, sublinhou “há muitos sábios, muitos gestores, muitos poetas, muitos escritores, muitos oradores, mas eu acho que são muitas palavras. Acho que são muitas palavras e pouca ação e a ação deve ser o modo principal da política e dos políticos, não o discurso”, afirmou, concluindo que “o juízo final será dos covilhanenses”
Jorge Viegas, Presidente da Junta de Freguesia de Cortes do Meio, começou por avisar que a realização, ou não, da estrada de ligação de Cortes do Meio à que liga às Penhas da Saúde condicionaria o seu voto, optando pela abstenção, depois de Vítor Pereira recordar que já em julho tinha prometido fazer a ligação.