No concelho da Covilhã a recolha seletiva de resíduos têxteis evita a deposição em aterro de 800 toneladas/ano, disse Vítor Pereira, Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, durante a Assembleia Municipal de dia 18.
“Estamos a proceder à recolha de resíduos têxteis de forma ampla, em todo o concelho. Desde o início desta operação já capturámos, até novembro de 2014, 532 toneladas”, disse o autarca, vincando que “a recolha de resíduos volumosos é assegurada, nas modalidades porta-a-porta e de entrega voluntária em Eco-Centro, evitando a deposição em aterro de cerca 800 toneladas/ano deste tipo de resíduos”, garantiu.
O autarca falava no final do debate sobre “politicas de ambiente no concelho da Covilhã e desenvolvimento rural”, proposto pelo grupo municipal do CDS, em que a oposição apontou a falta de políticas ambientais da CMC.
Vítor Pereira questiona “se isto não é ser amigo do ambiente e não são políticas pró-ativas da Câmara, conjuntamente com as Águas da Covilhã, vou ali já venho. Não sei o que é que os senhores querem a este propósito”.
Para além desta medida Vítor Pereira elencou outras implementadas pela Câmara Municipal da Covilhã como o serviço de recolha seletiva de resíduos verdes, provenientes de produtos domésticos, através do qual se procede ao encaminhamento de aproximadamente 300 toneladas/ano de biomassa para produção de energia verde.
“Para além destes resíduos, recolhidos seletivamente, temos ainda uma rede de equipamentos para recolha de óleos alimentares usados com cobertura de todo o concelho e, em parceria com as Juntas de Freguesia, estamos a implementar uma rede Pontos de Recolha para pequenas quantidades de resíduos perigosos, entre os quais, os resíduos de construção e demolição”, disse, rematando, de novo “se isto não é ter políticas para o ambiente vou ali já venho”, disse
Vítor pereira recordou ainda que a autarquia, em conjunto com a ADC está a implementar o projeto Covilhã sustentável para recolha de bioresíduos.
O debate entre os grupos municipais foi iniciado pelo CDS, que propôs o tema.
João Lopes Bernardo, frisou na intervenção inicial, a ausência de políticas ambientais e o parco investimento nesta área.
“Em matéria de meio ambiente, do que está previsto no orçamento para 2025, são 2 parágrafos” e “em matéria rural é zero”, disse. “Não há sequer uma palavra em termos de investimento de apoio ao desenvolvimento rural no concelho da Covilhã”.
O eleito sublinha que segundo os últimos dados que existem do Gabinete de Estratégia de Estudos, de 2022, a despesa do município em ambiente por habitante foi de 5 euros.
“Comparativamente, na área das Beiras e Serra da Estrela, temos que o gasto por habitante de 71 euros”, disse, concluindo que “em matéria de ambiente podemos apregoar que queremos, mas se não se paga, se não se investe, não se tem”.
Da mesma bancada Nuno Reis, para o desenvolvimento rural, sugeriu a criação de uma comissão no seio do Conselho Municipal Ambiental.
“Propomos a criação duma comissão que pudesse fazer parte do Conselho Municipal Ambiental. Havendo, inclusivamente, pessoas dentro da Câmara Municipal que desempenham papéis, e que já desempenharam papéis no passado, bastante relevantes no desenvolvimento rural poderiam incutir mais políticas e medidas no nosso município sobre este tema”, avançando que faria sentido “trabalhar em conjunto com as Juntas de Freguesia e outras agentes locais para a divulgação das mesmas políticas junto dos nossos munícipes”, disse.
Apontando também a falta de políticas nesta área, o PCP deixou sugestões quer no âmbito ambiental, quer para o desenvolvimento rural.
“A desertificação dos territórios e abandono devido à sua pouca viabilidade económica e sustentabilidade” é “um diagnóstico de há muitos anos”, disse Pedro Manquinho, frisando que o PCP defende “apoiar a agricultura local, familiar e biológica; modernizar e dinamizar os mercados municipais da Covilhã, Tortosendo, Teixoso, Unhais da Serra e Vila do Carvalho; promover produtos agrícolas regionais, facilitando a sua comercialização; promover o cultivo nos terrenos com aptidão agrícola, nomeadamente junto ao Rio Zêzere”. Em relação ao ambiente aponta a “elaboração de um plano municipal de adaptação às alterações climáticas; criar um observatório de sustentabilidade que implemente e controle as medidas de redução dos consumos energéticos, da água e dos resíduos urbanos; proteger o património ambiental do município” destacou.
O PSD centrou a sua intervenção no mundo rural, defendendo medidas para apoiar o emparcelamento e o pastoreio.
“Reparamos facilmente numa paisagem dominada pelo minifúndio, por terrenos muitas vezes cujos proprietários já nem sequer sabemos quem são. O levantamento exaustivo dos terrenos rurais é essencial para entendermos de que modo podemos ajudar os proprietários a aproveitarem de forma mais sustentada, tanto a nível ambiental como a nível financeiro, os seus terrenos”.
Propõe “apoiar as juntas de freguesia, no sentido de emparcelamento dos terrenos, nomeadamente através da criação de associações de baldios e onde estas já existem lhes facilitar o seu trabalho”, disse.
Sobre o pastoreio propõe que a Câmara Municipal da Covilhã implemente medidas para a “valorização do pastoreio através de incentivos fiscais e mais investimento na oferta formativa dos jovens pastores e o apoio ao escoamento do produto, de modo a garantir a segurança da produção”, disse António Saraiva.
Críticas a que respondeu o líder da bancada do PS, Hélio Fazendeiro, sublinhando que o PS no município, desde 2013, tem trabalho para apresentar.
“Tem programas concretos, tem resultados concretos para apresentar”, disse.
“Foi com este executivo municipal que o município aderiu ao Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia. Foi com este executivo municipal que passamos a ter um Plano de Ação de Energia Sustentáveis e do Clima e com isso concluímos que já reduzimos, entre 2008 e 2021, a emissão de CO2 em 35%, tendo o objetivo inscrito nesse plano, com as medidas conducentes a esses objetivos, de reduzirmos até 55% em 2030”.
Realçou ainda “a gestão da floresta de forma responsável, promovendo também alguns espaços de limpeza e de gestão florestal de trabalho em conjunto com os sapadores, com os baldios”.
Salientou ainda a promoção do setor agrícola, apontando a promoção do Pêssego da Covilhã, frisando que o executivo irá “prosseguir neste caminho com determinação e força, porque há muito ainda por fazer”, disse.
A Assembleia Municipal da Covilhã decorreu no dia 18, no Auditório Municipal da Covilhã.