Durante um ano técnicos da Coolabora, ULS Cova da Beira e Associação Humanitária Beira Aproxima trabalharam junto da comunidade cigana do Tortosendo, no âmbito do projeto “Haja Saúde”, com o intuito de promover a saúde no seio da comunidade cigana, cujo seminário de encerramento teve lugar esta quarta-feira.
No terreno foi feito o diagnóstico e foram trabalhados os aspetos em que, muitas vezes por questões culturais, a comunidade tinha falhas, disse à Rádio Clube da Covilhã Rosa Carreira, da Coolabora, considerando que o projeto “foi positivo, mas insuficiente”.
“Não se pode mudar tudo, há que começar. A área da saúde não tem sido muito trabalhada na intervenção social. Sentimos que estamos também a sensibilizar a parte do hospital, para perceberem melhor a comunidade cigana. Já na comunidade, através do contacto direto, mostrámos o que é mais saudável e menos saudável e há mudanças. O balanço é positivo, mas há ainda muita coisa para fazer”, disse.
Como forma de sensibilização dos seus profissionais a ULS Cova da Beira vai colocar no seu site o documento que resultou deste trabalho em que de desconstroem mitos sobre a comunidade cigana, por forma a que esta seja melhor compreendida, explicou também Rosa Carreira.
Sublinha que era importante dar continuidade ao projeto, “um ano foi só uma aproximação ao problema”, mas foi já uma porta que se abriu para “trabalhar esta área”.
A cooperativa aguarda a abertura de candidaturas por forma a conseguir financiamento nesta área, avançando que era preciso trabalhar a comunidade “nos seus hábitos e também na medicina preventiva”.
“Vamos voltar a fazer candidatura nesta área. Vai ser preciso trabalhar com a comunidade sobre os seus hábitos, não só na alimentação, mas também na prevenção. As pessoas ciganas têm um conceito de saúde diferente e só se preocupam em ir ao médico quando têm sintomas, quando estão doentes e muitas vezes isso é fatal. Temos que trabalhar também a questão dos hábitos, porque sabemos que alguns são culturais, mas também sabemos que pessoas com baixos rendimentos não podem dar-se ao luxo de ter uma alimentação saudável, com muito legumes e frutas e os hidratos são o que alimenta mais e é mais barato”, apontou.
O projeto Haja Saúde foi financiado pelo FAPE – Fundo de Apoio à estratégia nacional para a Integração das Comunidades Ciganas, através da AIMA.