ASTA tem 114 espetáculos em carteira para 2025 e orçamento de 550 mil euros

A ASTA, Associação de Teatro e Outras Artes, companhia com sede na Covilhã, entre produções próprias e coproduções, acolhimento de espetáculos nos vários eventos que organiza na região, e apresentações públicas, tem programados mais de 114 espetáculos, com um orçamento a rondar os 550 mil euros, para o ano de 2025.

O plano de atividades para este ano, em que a companhia celebra 25 anos, foi apresentado em conferência de imprensa, esta segunda-feira, dia 20.


No encontro com os jornalistas Rui Pires, diretor de programação, recorda que a ASTA “é mais do que uma companhia”, uma vez que não se limita a fazer peças de teatro.

“Nós não nos limitamos a fazer espetáculos de teatro, está tudo bem que as companhias o fazem, mas nós temos uma atividade bastante abrangente ao nível de projetos de investigação, temos uma circulação nacional e internacional que se destaca em Portugal, muito poucas companhias têm esta circulação”, disse.

Uma visibilidade fora de portas que é fruto das dificuldades que a companhia encontrou ao trabalhar no interior, sem espaço para apresentar as suas atividades na Covilhã, frisou o diretor.

Realça que não encararam a dificuldade como algo que fosse retrair, antes pelo contrário, “abriu a ASTA ao mundo”, fê-la adquirir material e agora consegue montar espetáculos em qualquer lado, explicou.

“Por não termos um espaço onde apresentar as nossas atividades na Covilhã, por não ter onde trabalhar aqui, sempre procurámos outros locais, outros municípios, outras companhias, outras instituições e isso abriu-nos ao mundo. As pessoas passaram a conhecer o nosso trabalho”, detalhou.

Este ano irá apresentar 4 criações. Já em processo criativo, com residências artísticas a decorrer em Santiago de Compostela, está a peça “Rosalía, Cartografia de ásperas ortigas”, para celebrar 188 anos do nascimento de Rosalía de Castro e 140 anos do seu falecimento.

Uma coprodução com o Centro Dramático Galego. A peça terá interpretes galegos e portugueses e será interpretada nos dois idiomas. Rosalía foi a primeira mulher a escrever e a publicar em galego.

A peça estreia no Cineteatro Avenida, em Castelo Branco, a 27 de fevereiro. Apresenta-se depois na Covilhã a 6, 7 e 8 de março.

“Terra, Gente e Bichos”, a partir de “Aldeia: Terra, Gente e Bichos” de Aquilino Ribeiro, é a peça que irá estrear a 21 de junho no Fundão.

No ano em que se celebrar 140 anos do nascimento de Aquilino Ribeiro, a companhia, em coprodução com a Moagem, quis associar-se à efeméride.

Em parceria com o TeatrUBI, a partir do livro Desassossego de Fernando Pessoa, estão a trabalhar na peça “Ficções do Interlúdio” que irá estrear a 12 de março no Teatro Municipal da Guarda.

Espetáculos que se baseiam em obras de autores consagrados, mas em palco a palavra não terá o papel principal, frisa Rui Pires.

“Baseiam-se em obras de autores bastante conceituados, mas não vamos levar o texto para o palco. Vamo-nos basear. O texto pode estar presente através do som, da imagem, do movimento, mas não da palavra”, disse.

Fruto da parceria internacional “Theatre in Mathematics” a ASTA irá criar um espetáculo dirigido às escolas, “Outra Vez Matemática”, a estrear em setembro nas escolas da região.

Para além destas criações a Asta irá organizar ainda quatro festivais.

O “Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior”, cuja 29ª edição vai ter lugar entre 12 e 22 de março.

A 13ª edição do “ensinARTE – Mostra de Teatro Escolar”, que terá lugar no Agrupamento de Escolas do Teixoso, entre 2 e 7 de junho.

O festival “Portas do Sol – festival de Artes de rua” terá a sua 6ª edição nos dias 3, 4 e 5 de julho na Covilhã. Este ano a novidade é a sua descentralização para três freguesias do concelho de Fornos de Algodres a 15, 16 e 17 do mesmo mês.

A terminar esta seção terá lugar a 16ª edição do “ContraDANÇA”, entre 5 de setembro e 9 de outubro. Esta edição de 2025 irá passar por Castelo Branco, Guarda, Gouveia e Covilhã.

A par com estas atividades a ASTA aposta também na apresentação dos seus espetáculos dentro de fora do país.

Tem já em agenda apresentações de norte a sul de Portugal e no estrageiro, marcando presença pela primeira vez em Cabo Verde, no Egito e na Polónia. Têm ainda agendadas várias apresentações em Espanha, na Itália e na Colômbia.

Os projetos de investigação com parcerias europeias, como o Green E.th.i.cs e o Theatre in Mathematics, que pretende ajudar a ensinar matemática através do teatro, entram em 2025 na fase de criação de espetáculos e a ASTA estará também presente nesses palcos.

Uma das novidades nas atividades deste ano é a realização de formações, na sede da ASTA, para público escolar e não escolar.

Irá também organizar os já habituais debates sobre cultura e participará no 1º Ato do [Sub]texto ao Palco – Jornadas de Literatura e Artes Performativas da UBI.

Com um orçamento global de 550 mil euros, a ASTA é financiada pela DGArtes e Câmara Municipal da Covilhã. Tem também parcerias com outras autarquias.

Um projeto que surgiu há 25 anos, quando um grupo de jovens, para colmatar as lacunas que encontrou na cidade decidiu por mãos à obra, recorda Carmo Teixeira, diretora de produção e uma das fundadoras da ASTA.

“Éramos jovens já profissionais ligados às artes, de vários caminhos, começámo-nos a interrogar e queríamos mais nesta cidade, vivíamos cá e queríamo-nos manter cá. Podíamos ter saído, mas era nosso intuito trabalhar cultural e artisticamente na cidade e pensámos «então vamos ser nós a fazer». Para nós faltavam áreas e foi dessa forma que começou. Não esperámos que os outros fizessem. Constituímos a Associação”, explicou.

A ASTA foi fundada a 4 de maio de 2000, a programação para celebrar a efeméride será apresentada mais tarde, foi, ainda, detalhado no encontro com os jornalistas.

Na forja está também o livro sobre os 25 anos da companhia, que será publicado em 2026.