A Águas da Serra (ADS), empresa concessionária do saneamento em alta, interpôs uma providência cautelar contra a Câmara Municipal da Covilhã. Vítor Pereira, presidente da câmara, não ficou surpreendido e admitiu, no final da reunião privada desta manhã, aos jornalistas, que esta ação judicial “era expectável”.
“Era expectável. Aliás, na minha intervenção na Assembleia Municipal, eu disse «preparemo-nos para uma longa batalha judicial», o que é natural. Não é nada que não estivéssemos à espera e, portanto, encaro-a com toda a naturalidade e os nossos advogados irão reagir relativamente a essa providência”, admitiu Vítor Pereira.
Na reunião, a ratificação da proposta de resgate foi aprovada com os votos da maioria socialista. Os vereadores da oposição optaram por se ausentar e não votaram.
Apesar da providência cautelar, Vítor Pereira mostrou-se convicto nas intenções da autarquia e focado no objetivo: “defender os interesses dos covilhanenses”.
“A nossa convicção é que achamos que esta é a melhor forma de defender os interesses dos covilhanenses e respeitamos quem tenha opinião diferente. Temos é de olhar para a frente e conseguir atingir os objetivos a que nos propusemos”, assegurou o autarca.
Pedro Farromba, vereador eleito pela Coligação Juntos Fazemos Melhor, antevê “um longo e dispendioso processo em tribunal” e “uma longa e dispendiosa relação entre a câmara, a empresa e os tribunais”, o que se vai traduzir num “problema não resolvido para os covilhanenses”.
“Aquilo que vai acontecer é que, não só não vai baixar o preço da fatura da água, como vamos ter um conjunto de encargos bastante significativos com esta ação unilateral por parte do município”, garantiu o vereador.
A oposição acusou, ainda, a maioria do PS de não seguir a tramitação normal do processo de resgate da concessão de saneamento em alta e de ter passado o assunto diretamente para a Assembleia Municipal, sem realizar uma reunião de câmara antes. Não compactuando com aquilo que afirmam ser uma “ilegalidade”, os vereadores da oposição ausentaram-se na discussão deste ponto.
“Aquilo que hoje aqui foi feito foi uma ilegalidade. Esta reunião de câmara deveria ter sido feita antes da Assembleia Municipal. E, portanto, nós hoje ausentámo-nos deste ponto. Nós somos contra a forma como foi feito o processo de resgate, mas não podíamos compactuar com uma ilegalidade”, disse Pedro Farromba.
Recordar que a Assembleia Municipal da Covilhã aprovou, no passado dia 31 de janeiro, o resgate da concessão da exploração e gestão do serviço de saneamento em alta do município, numa votação em que CDS e PSD se ausentaram para não votar e o eleito da Coligação Covilhã tem Força não esteve presente na sessão.