A Quercus, Organização Não Governamental de Ambiente, pretende que o Município do Fundão encomende um estudo epidemiológico sobre o impacto da Central de Biomassa do Fundão na saúde pública, alertando que o acordo entre a empresa e os moradores “não conseguirá travar a degradação da saúde da população”.
A Quercus relembra, em nota de imprensa, que “há seis anos que os moradores suportam o barulho desta indústria, dia e noite, rodeados de cinzas e de poeiras, inalando os gases, as partículas, os maus cheiros e, sobretudo, a injustiça de não verem defendidos os seus direitos”.
Recorda que em 2022 os moradores interpuseram uma providência cautelar e a sentença determinou a suspensão das atividades ruidosas aos fins de semana, feriados e à noite (entre as 23h e as 7h00) e o recurso da Central de Biomassa do Fundão, que alegava a impossibilidade de sobreviver naquelas condições, não foi aceite. No entanto, pesando a degradação, cada vez mais rápida, da saúde dos seus associados e a morosidade da justiça a Associação de Moradores da Gramenesa preferiu o acordo com a Central de Biomassa do Fundão, deixando cair a ação principal que visava o seu encerramento.
“Apesar de nenhuma medida poder mitigar cabalmente os efeitos desta indústria, a Quercus lamenta que o acordo permita protelar a implementação das medidas acordadas para um tempo incompatível com o estado de saúde e o sofrimento dos moradores”, propondo que a autarquia encomende o estudo sobre os impactos.
Uma proposta que vem no seguimento do debate realizado no último sábado sobre “O Paradoxo da Energia Verde – A transição energética e a Central de Biomassa do Fundão”, que juntou representantes de partidos políticos, a Câmara Municipal do Fundão e moradores. A Central de Biomassa do Fundão não se fez representar.
Recordar que no acordo estabelecido entre a CBF e os moradores a empresa se compromete a cumprir a legislação em vigor em matéria de ruído, a implementar medidas adicionais de atenuação do ruído se e quando necessário, a efetuar um teste anual de medição das operações da central e a monitorizar a trituração da biomassa e o tratamento das cinzas na central.
Foto: Imagem retirada do documentário “O Paradoxo da Energia Verde”