Por proposta do PSD, “Desporto e Associativismo” foi um dos temas sugeridos, na última Assembleia Municipal da Covilhã, para debate entre grupos municipais.
Mafalda Nunes (PSD) começou a sua intervenção por felicitar a Câmara Municipal da Covilhã pela requalificação do Pavilhão da INATEL. Apesar das melhorias, a deputada municipal afirmou que “ainda existem desafios significativos” em relação às condições dos atletas.
“Infelizmente, muitos dos nossos jovens continuam a praticar desporto em condições vergonhosas. Um exemplo disso é o Complexo Desportivo. Onde estão os dois campos de relvado sintético prometidos há 12 anos? A pista de atletismo necessita de uma urgente requalificação e, apesar das promessas de obras, para um momento em que causem menos impacto nos clubes e atletas, não conseguimos perceber como, após 12 anos, ainda não foi possível encontrar esse período. Os atletas treinam sem iluminação adequada e nos dias de chuva o campo transforma-se num lamaçal. Para além disso, após o treino não há água quente e os corredores e balneários continuam a ser invadidos pela chuva. Estas condições são inaceitáveis para os jovens”, assegurou.
Além destas questões, a deputada social democrata enumerou outros problemas relativos a infraestruturas desportivas na cidade e no concelho da Covilhã. Entre eles as melhorias necessárias no campo Maia Campos (Grupo Desportivo Teixosense), o estado da piscina coberta que “limita a aprendizagem da natação para os jovens e prejudica o bem-estar dos idosos”, as intervenções necessárias na piscina-praia de modo a garantir “a segurança e o conforto dos utilizadores” e, ainda, a necessidade de construir a ciclovia da Estrada Municipal Ferro – Quinta Branca.
Relativamente ao Campeonato Europeu de Andebol, a deputada do PSD afirmou que “a cidade merece que este evento seja tratado com a devida importância” e questionou se a Câmara Municipal vai garantir que este evento desportivo não seja “prejudicado por outras festas ou romarias no concelho”.
Quanto ao anúncio, por parte da Federação de Desportos de Inverno, da construção de um pavilhão no Seixal, Mafalda Nunes perguntou se foi levada em consideração a necessidade da Covilhã, uma vez que “o investimento no desporto de inverno seria extremamente positivo para a comunidade”.
Em relação a uma moção das bacadas do PSD e CDS, relacionada com o apoio ao associativismo e com a criação de bolsas de estudo para atletas locais, aprovada em 2022, Mafalda Nunes questionou o que é que já foi feito nesse sentido.
Por último, Mafalda Nunes afirmou que “as associações continuam a necessitar de mais apoio financeiro”, uma vez que “os custos de uma associação aumentaram consideravelmente nos últimos anos”. A deputada concluiu que “é imperativo que a Câmara Municipal olhe com atenção para essas questões e continue a investir no bem-estar e no futuro das nossas crianças, jovens e idosos”, assim como no “fortalecimento das associações e infraestruturas desportivas”.
João Bernardo (CDS – PP) agradeceu a “lucidez e clareza” com que Mafalda Nunes disse aquilo que “se sabe, sente e vê todos os dias”.
“Todos os problemas que aqui foram elencados à sociedade e que há muitos que estão há 12 anos à espera de uma solução, afinal não existem. Porque, no mundo cor-de-rosa onde vive esta Câmara, eles são postos de outra maneira. E, portanto, nestes seis meses que faltam até às eleições muitas destas coisas serão resolvidas. O problema é aquilo que não aconteceu”, disse.
Em relação ao associativismo, o deputado do CDS afirmou que todas as associações devem ser “tratadas por igual”, quer ao nível de tratamento, quer ao nível de financiamento, não podendo “haver associações de primeira nem associações de segunda”.
Pedro Manquinho (CDU – PCP) considerou que a estratégia da Covilhã, ao nível desportivo e associativo, passa por “um conjunto de medidas avulsas”.
“No caso do Município da Covilhã, não se deslumbra uma política integrada coordenada para o desenvolvimento da prática desportiva. O que se vê é um conjunto de medidas avulsas, exemplo disso é o caso da piscina municipal”, afirmou.
Desta forma, a CDU enumerou diversas propostas de melhoria ao nível desportivo, entre elas a implementação de um programa de quintais desportivos; a realização dos I Jogos Cova da Beira; o desenvolvimento de programas de dinamização desportiva; a conservação e manutenção de equipamentos e estruturas desportivas existentes; apoiar atletas do concelho através das associações, bem como o desporto escolar e universitário; a implementação de programas para o incremento do desporto avançado e do desporto feminino; a requalificação do Complexo Desportivo; a construção de um pavilhão multiusos, de uma estrutura específica para o atletismo e de uma piscina coberta de 50m; e proceder à avaliação e análise do Programa Estratégico de Desenvolvimento Desportivo, aprovado em 2020.
Quanto ao associativismo, a CDU propôs a criação de um Conselho Municipal do Associativismo; a melhoraria do regulamento municipal de apoio; o reforço do gabinete municipal de apoio técnico às associações; a definição de zonas de cooperação associação/escolas; a devolução do IMI e a redução da fatura da água às associações; e o aprofundamento do trabalho com a Confederação Portuguesa das Coletividades, Cultura, Recreio e Desporto.
Pedro Bernardo (PS) sublinhou a “colaboração exemplar” entre a organização do Europeu de Andebol e a Câmara Municipal. Destacou, ainda, que a diversidade de oferta e a maior procura de prática de atividade física são “as maiores conquistas na área do desporto que a Covilhã teve nos últimos anos”.
“Conquistas apenas possíveis através de uma ação governativa centrada na igualdade de oportunidades, promoção de hábitos saudáveis e promoção do bem-estar do cidadão, bem como pelos critérios de apoio bem definidos e transparentes que conferem uma realidade desportiva no concelho, centrada não só na prática desportiva de competição, mas também na prática desportiva de recreação e lazer”, assegurou.
No entanto, o deputado socialista garantiu que “é necessário prosseguir o caminho de investimento na requalificação e criação de instalações desportivas na Covilhã”, nomeadamente através da requalificação do Complexo Desportivo e da construção de um pavilhão multiusos.
Em relação ao associativismo, Pedro Bernardo mencionou a criação do gabinete de apoio ao associativismo, bem como a criação de critérios que permitem a cooperação entre a autarquia e as coletividades. “Já lá vai o tempo em que essa igualdade de tratamento não existia no associativismo da Covilhã”, rematou.
Hugo Ferrinho Lopes (PSD) usou da palavra para questionar a Câmara Municipal relativamente ao número de candidaturas do regulamento de apoio ao associativismo e apelou, ainda, para o cumprimento das “promessas feitas pelo PS”, das quais “todos os covilhanenses beneficiarão”.
“Gostava de terminar este ponto apenas reforçando o apelo para o apoio aos balneários das bancadas do piso sintético do campo Maia Campos, para uma resolução tão célere quanto possível do problema da piscina coberta da Covilhã, para a resolução das questões da piscina-praia e para a ciclovia. Todos os covilhanenses beneficiarão, certamente, com a conclusão e o cumprimento destas promessas feitas pelo PS”, disse.
Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, garantiu que a autarquia não está a ser negligente em relação ao campo Maia Campos e informou que estão há dois meses à espera do orçamento das obras necessárias. “Isto que fique muito claro, clarinho como água. Que não hajam aqui deturpações da realidade”, afirmou .
Em relação à piscina municipal, o presidente da Câmara avançou que, durante a empreitada, os especialistas repararam que as fundações estavam em perigo, sendo preciso reforçá-las. Para o efeito, Vítor Pereira explicou que foi necessário suspender a anterior empreitada e começar uma nova. “Há dificuldades que nós não podíamos prever”, assegurou.
O autarca garantiu que nunca prometeu os dois campos de relvado sintéticos e afirmou, ainda, que “é inevitável que o campo nº2 esteja em péssimo estado”, uma vez que tem uma sobrecarga de utilização semanal.
Quanto ao associativismo, o autarca assegurou que “não há dúvida nenhuma que somos um exemplo paradigmático”.
“Entre 2019 e 2025 foram apresentadas 637 candidaturas à linha de apoio à atividade regular, 485 candidaturas à linha de apoio ao investimento e aquisição de equipamento, 105 candidaturas à linha de apoio à atividade pontual de caráter supraconcelhio, traduzindo-se num apoio global de 2.499.332 euros. Eu acho que isto fala por si”, concluiu.