CMC tem a “maior taxa de execução de sempre”. Oposição critica valor do saldo de gerência

A Câmara Municipal da Covilhã está perante a “maior taxa de execução de sempre: 97%”, disse Vítor Pereira, presidente da Câmara, na última Assembleia Municipal. A oposição critica os 16,5 milhões de euros de saldo de gerência e sugere que são fruto de uma falta de investimento.

Luís Rodrigues (PSD) acusou a Câmara Municipal de eleitoralismo.


“O que sabemos, e é muito claro, é que o saldo de gerência é superior a 16 milhões de euros, deixando muito claro para os covilhanenses que já temos dito em anos anteriores: é que este ano de 2025 é um ano de eleições autárquicas e isso diz muito”, afirmou.

O deputado social democrata acrescentou, ainda, que o valor do saldo de gerência revela que “as obras afinal não foram feitas por falta de verbas para as fazer, mas sim por incapacidade de gestão e, confirma-se agora, por gestão do período eleitoral”, rematou.

Da demonstração de resultados, Pedro Bernardo (PS) salientou que a redução de 3% da receita fiscal do município ao longo de 2024, derivada da manutenção da taxa mínima de IMI e da isenção da derrama, se traduz num impacto direto de 800 mil euros em benefício do orçamento das famílias e empresas covilhanenses.

“Saliento que esta política de redução de impostos apenas é possível porque hoje a saúde financeira do município da Covilhã é estável e consolidada, resultado de uma boa e eficiente gestão financeira”, disse.

Pedro Bernardo assegurou, ainda, que “os resultados financeiros são acompanhados de obra e de progresso no concelho da Covilhã”. O deputado socialista deu a inauguração do Pavilhão Municipal da INATEL, a requalificação dos parques infantis no concelho, as obras no âmbito da estratégia local de habitação, a requalificação da Avenida da Universidade e a requalificação da estrada Ourondo-Casegas como exemplos.

Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, garantiu que deve “proteger o município e não malbaratar dinheiro público”. Face às acusações de eleitoralismo, o autarca afirmou que “no ano passado não estávamos em ano de eleições e também tivemos uma incorporação volumosa de saldo”.

“Aquilo que conseguirmos gastar de forma racional e equilibrada, protegendo o interesse público, será gasto. Aquilo que só seria gasto se fosse mal gasto claro que deve ficar para saldo e deve ser utilizado a bem do concelho da Covilhã. Não é uma questão de egocentrismo nem é para meu gáudio pessoal ou político. É para defender os interesses dos covilhanenses”, explicou.

Hugo Ferrinho Lopes (PSD) considera “chocante” o saldo de gerência.

“Eu acho que é chocante termos um saldo de gerência de 16.5 milhões de euros. Isto é carência de investimentos”, assegurou.

Vítor Pereira garantiu que “chocante” era não utilizar o saldo devidamente e reforçou que em nada tem a ver com eleitoralismo.

“Chocante seria que nós não utilizássemos o saldo desta forma. Não foi por prazer, não foi por estar a pensar que é ano de eleições, que este saldo transita com este volume para este ano. Chamo a atenção que já de 2023 para 2024 tínhamos um saldo volumoso e não estávamos em ano de eleições”, disse.

Marco Gabriel (CDU-PCP) reconheceu que “foi feita muita coisa ao longo destes 12 anos”, mas que também se “deixou muita coisa para cima do joelho”, sendo “natural que o saldo vá acumulando”.

“Nestes 12 anos deixámos muita coisa para cima do joelho, podíamos ter resolvido muitos problemas das freguesias, podíamos ter resolvido muitos problemas que os presidentes de junta colocam e que ainda não têm resposta”, afirmou.

“Ficou muita coisa para o fim e agora vai ser muito difícil concretizar tudo aquilo com que se comprometeu”, concluiu Marco Gabriel.

João Bernardo (CDS-PP) usou da palavra para afirmar que “qualquer leigo percebe que os 97% de execução não existem e, portanto, alguma coisa não está bem”.

“Na prática aquilo que nós estamos a falar é que o senhor tem um saldo negativo com os covilhanenses de 16 milhões de euros nos últimos três anos. O seu mandato é um prejuízo em termos do que são a obra e a vida e a qualidade de vida dos covilhanenses”, sugeriu.

Vítor Reis Silva (CDU-PCP) acusou a autarquia de não utilizar os recursos financeiros para resolver os problemas e as necessidades das pessoas.

“A Câmara Municipal tem recursos financeiros que não utilizou para resolver os problemas das populações. Há obras que estavam previstas que não se concretizaram e, se o dinheiro não se gastou, transitou”, disse.  

Vítor Pereira recordou as condições vividas quanto iniciou as suas funções enquanto presidente da Câmara e pediu que “não se faça demagogia com coisas que são claras”.

“Ninguém se pode esquecer que eu cheguei à Câmara com a Troika no Terreiro do Paço e com a Câmara falida. Quando começo a levantar a cabeça, cai-nos a pandemia em cima. E os efeitos colaterais da pandemia: juros, aumento dos custos de mão de obra, dos materiais. Estávamos a levantar a cabeça da pandemia e cai-nos a guerra em cima com estas consequências todas que ainda hoje estamos a sofrer”, afirmou o autarca.

O desempenho orçamental foi aprovado por maioria, com 29 votos a favor e 8 abstenções (CDS, PSD e CDU).

A Assembleia Municipal da Covilhã teve lugar no passado dia 26 de fevereiro.