A primeira sessão da Assembleia Municipal Jovem do Fundão, uma iniciativa inserida nas comemorações dos 50 anos do 25 de abril, aprovou, no período da ordem do dia que tinha como tema genérico “Ambiente”, perto de 20 propostas, todas por unanimidade.
Uma votação que espelha que esta é uma preocupação da juventude do concelho, realçou Paulo Fernandes, presidente da Câmara Municipal, elogiando a “importante participação” destes jovens e salientando que as propostas podem via ser implementadas pelo executivo, caso sejam aprovadas, também, pela Assembleia Municipal para onde transitam.
“Há uma motivação extra, estão a ajudar a codecidir a gestão do Município”, salientou.
Uma iniciativa “relevante”, disse o presidente da Assembleia Municipal do Fundão, Carlos São Martinho.
Os alunos foram distribuídos por quatro grupos municipais. O Externato Capitão Santiago de Carvalho constituiu o grupo “O Colegial em Movimento”; o Agrupamento de Escolas Gardunha e Xisto o grupo “Jovens de Gadunha e do Xisto”; o Agrupamento de Escolas do Fundão o grupo “AEF: Atitude, Evolução e Futuro” e a Escola Profissional do Fundão o grupo “Movimento de Jovens para a Cidadania”.
Entre as pospostas aprovadas constam soluções para resolução de problemas do dia a dia, como a colocação de máquinas para recolha de garrafas plásticas nas escolas, com sistema de pontos por exemplo, apontou Alexandre Bento, da Escola Profissional do Fundão, ou a colação de placas informativas nas fontes do concelho sobre a qualidade da água, como sugeriu Mónica Lopes, do Externato Capitão Santiago de Carvalho.
A mobilidades e transportes foi um dos temas mais abordados. Afonso Rodrigues (AE Fundão) propôs que o município disponibilize bicicletas municipais para promover mobilidade sustentável, com um sistema de empréstimo gratuito ou de baixo custo.
Lara Faria, da mesma escola, propõe a criação de passeios pedestres a ligar a cidade às aldeias vizinhas o que permite melhor acessibilidade e incentiva o turismo e a valorização das paisagens locais.
Clara Passarinha (AE Fundão) disse um claro não a tantos carros, propondo uma rede de transportes que permita deixar o automóvel particular em casa.
Referir que já no período antes da ordem do dia foi aprovada uma moção pela melhoria da rede de transportes no concelho.
A exploração mineira, a contaminação dos solos com herbicidas e a massificação de painéis solares na paisagem, foram outras preocupações que mereceram propostas dos jovens deputados.
Benedita, do Agrupamento de Escolas Gardunha e Xisto, salientou a preocupação com a exploração mineira a céu aberto na Argemela, realçando que se deve evitar a massificação desta extração, pedindo mais fiscalização e obrigação de requalificação ambiental no final. Propõe que se deve investir na reciclagem de baterias de lítio, a par da valorização da utilização de equipamentos recondicionados, para minimizar os danos provocados pela extração deste mineral.
Ainda no que toca a poluição dos solos, a troca de herbicidas por práticas mais ecológicas e sustentáveis foi proposta por Iolanda Andrade, do mesmo agrupamento de escolas.
Na proposta vinca que é, também, importante que na procura de fontes de energia renovável se permita apenas painéis solares nos telhados das infraestruturas, evitando desta forma a deterioração das paisagens.
A utilização desregrada de herbicidas foi também abordada por Mónica Lopes, do Externato Capitão Santiago de Carvalho, propondo que se avise a população sempre que se utilizem, para que se possa tomar medidas de proteção. Por outro lado, recomenda ao Município que “invista em métodos alternativos e sustentáveis de controlo de pragas, reduzindo a dependência destes químicos”.
Martim Ramalho, do Agrupamento de Escolas do Fundão, alertou para as reclamações que existem face à qualidade da água, recomendando que sejam divulgados os resultados das análises para esclarecimento da população.
“Não pedimos nada além de uma melhoria nos serviços prestados, garantindo que a população tenha acesso a águas de qualidade e a um preço justo”, disse o jovem.
Ainda no tópico água, Beatriz Marques, do AE Fundão, colocou o acento tónico da limpeza das margens dos rios que deve ser regular, com uma calendarização que permita a sua manutenção, bem como fiscalização ativa para evitar reincidências. “A água é um bem essencial e a proteção dos rios é uma responsabilidade coletiva”, disse, apelando que “se encare este tema com a seriedade que merece”.
Maximizar a utilização da Central de Biomassa do Fundão, reflorestar as áreas ardidas e estudar a melhor colocação de contentores e ecopontos foram outras propostas.
Jaime Mesquita, do Agrupamento de Escolas do Fundão, defendeu que se deve colocar nas freguesias rurais contentores para aproveitar os sobrantes da agricultara e da floresta para serem canalizados para a central de biomassa, “transformando um problema numa solução sustentável”.
Guilherme Alves, do mesmo agrupamento de escolas, propôs que o município exija programas de reflorestação eficazes com financiamento e acompanhamento técnico, que envolva associações, juntas de freguesia e os proprietários dos terrenos.
Mónica Lopes do Externato Capitão Santiago de Carvalho, avançou que se deve fazer um estudo para a distribuição de ecopontos e contentores, para os redistribuir e ajustar a recolha, evitando que haja lixo nas ruas, e ao mesmo tempo incentivando a reciclagem.
O bem-estar animal também não foi esquecido neste período da ordem do dia, e, por unanimidade, foi aprovada a proposta do Externato Capitão Santiago de Carvalho para incentivar a recolha e acolhimento de animais abandonados, promovendo a adoção responsável, propõe, também, a realização de campanhas de esterilização e parcerias com associações de proteção animal.
Todas as propostas foram aprovadas por unanimidade, serão agora incorporadas na ordem de trabalho da próxima Assembleia Municipal do Fundão.