Manteigas: Possível encerramento do SAP no Centro de Saúde preocupa o executivo

O possível encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) no Centro de Saúde de Manteigas foi um dos temas que dominou a reunião pública do executivo na última quarta-feira, dia 19.

Tomé Branco, vereador eleito pelo PS, apelou ao presidente de Câmara, Flávio Massano, que junto da administração da ULS Guarda, exerça influência para que o encerramento, “há muito adiado”, não se verifique.


“Penso que pode estar em causa a continuidade do Centro de Saúde tal como o conhecemos”, alertou, justificando que com a constituição de uma Unidade de Saúde Familiar, agregada a uma Unidade de Cuidados de Comunidade, “pode estar em causa a continuidade do SAP, Serviço de atendimento Permanente”, disse.

Dá conta que Manteigas tem uma população muito envelhecida, está a 40 km dos dois maiores hospitais e não tem meios que assegurem mais do que duas a três ocorrências em simultâneo, ou num curto espaço de tempo.

Recomenda a Flávio Massano que “elucide” o Conselho de Administração da ULS sobre estes factos, “para que se evite o encerramento do SAP que há muito vem sendo adiado”.

Tomé Branco recordou que no passado a opção foi encerrar os internamentos em Manteigas, salientando que o encerramento do SAP só servirá para “entupir os hospitais” que já estão “numa situação catastrófica”.

Uma preocupação que o presidente da Câmara Municipal entende, sublinhou Flávio Massano, vincando que já deu conta dessa situação à ULS Guarda, que disse, luta com falta de recursos humanos.

“Percebo a sua preocupação. Estivemos na apresentação do Plano Local de Saúde da ULS, demos conta da nossa preocupação, e a administração está tão preocupada como nós quanto ao futuro, porque pouca gente concorre para a ULS Guarda”.

“As pessoas estão a escassear e alguma coisa tem de ser feita”, disse.

Flávio Massano defende que, face à grave situação de falta de médicos, se deveria abrir a exceção e poder colocar nos centros de saúde médicos sem especialidade, ou com outras que não a medicina geral e familiar, bastando que o médico estivesse interessado em vir para o Interior.

“Eu não consigo perceber como é que o país prefere não ter médicos no Interior, a ter um médico que não é de medicina geral e familiar no centro de saúde”, disse.

“Só pode vir para o Centro de Saúde um médico com esta espacialidade, mas eu acredito que é melhor ter um médico cá, até com outra especialidade ou sem especialidade, que depois pode ir tirando durante o trabalho que faz, do que não ter médicos. Se calhar até há médicos que querem vir, mas não podem vir para o Interior porque não têm essa especialidade. É um caso em que a lei, ou o formalismo, se sobrepõem às necessidades do território”, disse.

Um ponto com o qual Tomé Branco concorda, destacando que “quando há falta de médicos com especialidade, são os tarefeiros, sem espacialidade, que cobrem essas faltas”, disse.

“A saúde assusta-me” e “vejo por autarcas aqui vizinhos que estamos desanimados com o que está a acontecer”, lamentou Flávio Massano.

O presidente da Câmara Municipal de Manteigas defendeu que no Interior já que não se usufruiu dos impostos pagos em áreas como transportes, deve-se exigir que em casos como a saúde e a educação o dinheiro pago pelos habitantes seja aí utilizado.