Ontem, dia 8 de março, data em que se assinala o Dia Internacional da Mulher, a Comissão de Igualdade entre Mulheres e Homens da União dos Sindicatos de Castelo Branco apelou à luta e distribuiu cravos vermelhos pela “igualdade no trabalho” e pela “liberdade na vida”.
Gabriela Gonçalves, da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, no seu discurso, apelou à defesa de igualdade no trabalho, da liberdade na vida e na luta pela paz. Destacou a degradação das condições de vida das mulheres trabalhadoras, dificultadas pelo aumento do custo de vida e pela dificuldade de acesso à habitação.
Os salários baixos, a precariedade elevada, os horários longos e desregulados, o aumento de discriminações, a dificuldade de conciliar a vida pessoal e familiar com o trabalho e, ainda, o desemprego não deixaram de ser assinalados. Por outro lado, Gabriela Gonçalves abordou alguns problemas que continuam a afetar as mulheres em maior número. Entre eles: a perda de emprego por parte de mulheres grávidas, a dificuldade de evolução profissional, a diminuta presença feminina em cargos de poder, os problemas de saúde mental, o assédio laboral e a violência doméstica.
“Por isso as mulheres resistem, não desistem e continuam a lutar. Pelo emprego estável e com direitos pela liberdade sindical e contratação coletiva sem caducidade; pelo aumento dos salários e valorização das carreiras profissionais; pelas 35 horas semanais e conciliação do trabalho com a vida familiar e pessoal; pelo respeito dos direitos de maternidade e paternidade; pelo fim do assédio laboral; por mais segurança e saúde no trabalho sem risco psicossociais; pela defesa da sua dignidade contra todas as formas de violência; por mais e melhores serviços públicos na saúde, educação, segurança social, habitação, transportes e justiça; pela paz contra a guerra. Paz sim, guerra não!”, afirmou.
Marta Oliveira, do Sindicato das Funções Públicas, defendeu que é “tempo da igualdade entre mulheres e homens no trabalho e na vida”. No entanto, assegurou que não há liberdade quando os jovens com menos de 25 anos, na sua maioria mulheres, continuam a ter “vínculos precários, inseguros e mal pagos”.
A sindicalista afirmou que é hora de “acabar com a política que desvaloriza o trabalho das mulheres, promove a exploração, acentua as desigualdades e degrada as condições de vida das trabalhadoras e das suas famílias” e de “juntar forças e vontades para lutar pelos salários e pelos direitos em todos os dias do ano”.
“Façamos ouvir a nossa voz para mudar a vida, garantir um emprego de qualidade e a igualdade, rumo ao projeto da sociedade que defendemos para todos, por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres. Vivam as mulheres trabalhadoras! A luta continua!”, apelou.
Ângelo Correia, do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Interior, acredita que comemorar o Dia da Mulher nas empresas e na rua é uma forma de “honrar a memória de todos os que lutaram para que hoje tivéssemos direitos e liberdade”. O sindicalista explicou que, o setor do vestuário, composto essencialmente por mulheres, é um setor onde há uma confrontação com a violação dos direitos e com horários que não permitem a conciliação entre a vida profissional e o lazer. O assédio moral, a pressão e a perseguição foram outras práticas mencionadas.
Relativamente ao valor dos subsídios de alimentação, no setor têxtil e dos lanifícios, Ângelo Correia afirmou que “passar de 2.50 euros para 2.65 euros não é digno, é vergonhoso” e que “não é com 15 cêntimos que vão travar a luta dos trabalhadores dos lanifícios”. Assegurou, ainda, que “os trabalhadores, homens e mulheres, não vão parar até alcançarem as suas reivindicações”.
“E é olhando para o passado que ganhamos força para resistir no presente com os olhos no futuro. Não estamos condenados a perder direitos e a ser trabalhadores de salário mínimo. Por experiência vivida, sabemos que o caminho a percorrer não é fácil, sabemos que a nossa luta não tem resultados imediatos e sabemos que é preciso muita unidade, organização, uma ação firme, persistente e determinada. Daremos a resposta que o vergonhoso aumento merece. Viva a luta dos trabalhadores, homens e mulheres, em igualdade!”, afirmou.
No seu discurso, uma representante da Interjovem sublinhou as “desigualdades profundas” e as “violências diárias” das jovens trabalhadoras. Muitos desses desafios, que condicionam a emancipação feminina, passam pela generalização da precariedade dos vínculos de trabalho, pelas desigualdades salariais e pela falta de oportunidades, de crescimento profissional e progressão na carreira.
Desta forma, a Interjovem defendeu o aumento geral dos salários em pelo menos 15%, a igualdade salarial entre homens e mulheres, a salvaguarda de direitos de maternidade e paternidade dignos, a valorização e progressão de carreiras, o fim de horários desregulados e o horário de 35 horas semanais para todos e condições de saúde e segurança no trabalho.
“A nossa luta não começou nem terminou no dia de hoje. Sabemos que a verdadeira transformação só acontece quando há unidade e, a partir dessa unidade, constrói-se luta nas empresas e na rua. Por isso, convidamos todas e todos para a grande Manifestação Nacional de jovens trabalhadores no dia 28 de março, às 15:00, na Praça da Figueira, em Lisboa. Acreditamos que a juventude unida é capaz de transformar a sociedade e convidamos todos os trabalhadores a juntarem-se a nós. A nossa força está na união. Viva o Dia Internacional da Mulher trabalhadora! Viva a luta das jovens trabalhadoras! Viva a Interjovem! Viva a CGTP”, disse.
Sérgio Santos, coordenador da União de Sindicatos de Castelo Branco, afirmou que “a igualdade é uma luta de todos os dias” e destacou algumas das conquistas, entre elas os direitos de maternidade e de paternidade e a proteção no despedimento. No entanto, continua a luta pela estabilidade no emprego, pelo fim da precariedade, pelo vínculo de trabalho efetivo, pela igualdade salarial entre mulheres e homens, pelo aumento salarial para todos e pelo aumento do salário mínimo para mil euros ainda no decorrer deste ano.
O coordenador da União de Sindicatos de Castelo Branco enalteceu a salvaguarda do sábado e do domingo como dias de descanso; as 35 horas de trabalho semanal; a qualidade da educação, saúde habitação e proteção social; a melhoria dos transportes públicos e a gratuidade dos passes para reformados; e o acesso à justiça.
“Só lutando podemos vencer. Temos consciência que este é um combate duro, desequilibrado, muitas vezes demorado, mas é um combate pela afirmação e defesa de valores fundamentais da nossa sociedade. Estamos firmemente convencidos que vai ser com a nossa luta que conseguiremos obrigar o governo e o patronato a responderem às reivindicações e anseios dos trabalhadores. Viva a União de Sindicatos de Castelo Branco! Viva a CGTP! Viva a luta das mulheres trabalhadoras! A luta continua”, assegurou.
A Semana da Igualdade continua até à próxima quarta-feira, dia 12 de março, com várias iniciativas pela “igualdade no trabalho” e pela “liberdade na vida”.