AM Covilhã debate habitação. Pouca oferta pública para estudantes resulta em aumentos nas rendas

Os preços da habitação estão demasiado elevados em todo o país e a Covilhã não foge à regra, embora o problema não seja tão grave como no Litoral, é preocupante, foi dito durante a Assembleia Municipal da Covilhã.

Entre as causas está a muita procura de arrendamento por parte dos alunos da UBI, o que pode vir a agravar-se no futuro, alertou Pedro Bernardo (PS), durante o debate temático sobre habitação, por proposta do PS.


“Um dos fatores que mais influenciam o aumento das rendas na Covilhã prende-se com a elevada procura por parte de alunos da UBI”, disse, vincando que “são mais de 9 mil alunos, com uma oferta de habitação pública nas residências de cerca de 800 camas”.

Apontou também que segundo o plano estratégico da UBI estão previstos “mais cerca de 3 mil alunos até 2030, e com aumento previsto de apenas 24 camas, o que quer dizer que a capacidade de resposta das suas residências será de apenas 7%”.

O eleito defende que “é uma percentagem particularmente baixa e que merece reflexão e ponderação de investimento em mais residências universitárias como fator diferenciador e captador de novos alunos, mas também como fator de regulação do mercado de arrendamento da Covilhã”.

Pedro Bernardo sublinhou também que é preciso investir mais na reabilitação urbana, aproveitando os mecanismos de incentivo existentes. Elogiou a forma como a Câmara Municipal está a gerir a Estratégia Local de Habitação (ELH), com cerca de 10 milhões de euros já protocolados e cerca de 5 milhões executados.

O Grupo Municipal do PCP frisa que as questões que se põem à Covilhã nesta matéria são transversais ao país.

“O direito à habitação é defender o povo, enfrentando a especulação, os fundos imobiliários e os grandes proprietários”. Propõe, entre outros, “um programa nacional de habitação; construção manutenção e remodelação de habitações públicas com investimento de 1% do PIB; um período mínimo de 10 anos de duração dos contratos, baixar e regular os preços das rendas; reduzir as prestações e baixar os lucros da banca e acelerar o processo de reabilitação dos centros urbanos revalorizando a função habitacional das áreas consolidadas”, disse Pedro Manquinho.

O Grupo Municipal do CDS aproveitou o debate para reforçar que o executivo de Vítor Pereira não cumpre a lei de bases da habitação ao não enviar à Assembleia Municipal os relatórios de execução da Estratégia Local de Habitação.

João Lopes Bernardo também sublinhou que apesar desta ELH “o problema não está resolvido no concelho, continuamos a ter situações miseráveis na manutenção das casas de habitação social”, disse.

Hugo Lopes (PSD) considerou que é positiva a Estratégia Local de Habitação, que espera “seja mais que estratégia” e a redução de taxas urbanísticas. Também concordou que o aumento dos preços pode ter por base a procura por parte dos estudantes. Apontou o dedo ao executivo Socialista pelo facto de não cumprir a lei de bases e a insuficiência de casas de habitação social face à procura que está a aumentar, frisando, ainda, que a “Câmara não sabe o que fazer ao seu património devoluto”.

Como soluções realça que é preciso acelerar a reabilitação em curso e transformar os ocupantes de casa de habitação social em proprietários, através de “contratos de propriedade resolúvel”, disse.

Sobre o tema Vasco Lino (A Covilhã tem força) apontou que em vez de “passe culpas”, deveria haver foco no que é essencial: resolver os problemas.

A encerrar o tema, Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, recordou que a Estratégia Local de Habitação é já mais que estratégia.

“Não é conversa. Temos protocolados 9,6 milhões de euros, e cerca de 5 milhões já estão concretizados. No final teremos 167 fogos reabilitados e proporcionamos a centenas de pessoas condições de habitação dignas e condignas”. Recordou também que “serão construídos de raiz 40 fogos, 27 dos quais para rendas cessíveis”.

Sobre a manutenção do parque habitacional municipal, mais de 700 fogos, frisou que “logo que foi possível” foi iniciada a sua manutenção, recordando as intervenções no âmbito da eficiência energética, colocando painéis solares, novas caixilharias e capoto “para maior conforto nos vários bairros municipais”.