Covilhã homenageia Lúcio Craveiro da Silva: Covilhanense com uma obra “que orgulha Portugal”

No âmbito da Trama, Semana da Literatura e do Design, a Câmara Municipal da Covilhã homenageou ontem, dia 15, o covilhanense Lúcio Craveiro da Silva. “Uma das maiores figuras da cultura e do pensamento em Portugal”, foi dito na cerimónia que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

A homenagem pretendeu “evocar um percurso de vida exemplar marcado pela dedicação ao saber, pelo serviço público e pela defesa intransigente do acesso democrático ao conhecimento”.


Uma homenagem que se reveste de maior significado por ser feita na Covilhã, o seu concelho Natal, uma vez que era natural do Tortosendo.

“É um gesto de reconhecimento da sua terra Natal a um homem cuja obra honra Portugal em toda a sua dimensão cultural e académica”, foi dito na sessão.

“Uma figura incontornável, uma personalidade única”, começou por dizer Maria da Graça Sardinha, professora na UBI e sobrinha de Lúcio Craveiro da Silva, que moderou o painel de convidados para esta homenagem.

Um currículo vasto que o levou a ser diretor e fundador de diversas escolas no país, diretor da faculdade de filosofia de Braga e da Universidade Católica de Portugal.

Foi Reitor da Universidade do Minho, em Braga, o primeiro eleito democraticamente em Portugal, “por sua iniciativa”, sublinhou também a moderadora da sessão.

“O que revela a sua personalidade, não querendo ser nomeado pelo Governo, mas eleito em eleições livres. Foi assim, a partir dessa altura, que os reitores em Portugal passaram a ser eleitos”, disse.

Do seu vasto currículo destacou ainda o facto de ter formação nas três grandes áreas do saber: Licenciado em Filosofia, em Ciências Económicas e Ciências Sociais.

“Um Craveiro de craveira, como dizem todos os que o conhecem a dimensão da sua obra”, disse.

“Ele representou a profunda humanidade do homem na aventura ao serviço do próximo, num exercício constante de cidadania ativa, sempre com orgulho em ser português”, descreveu.

Realçou que embora afastado da região, era visita assídua da sua terra que sempre engrandeceu e da sua família.

Recordou um homem “verdadeiramente feliz ao longo da vida”, que viria a faleceu em Braga, onde existe uma Biblioteca de que é patrono. “Uma homenagem ao padre jesuíta, humanista, professor, filósofo, economista e homem das letras”, realçou.

Uma justa e merecida homenagem, frisou também Regina Gouveia, Vereadora com o Pelouro da Cultura na Câmara Municipal da Covilhã.

Para além da sua dimensão humanista, apontou que “procurou também deixar um legado de perspetivas para a sociedade, seja a propósito do movimento operário, ou da sociedade em geral”, vincando que se “trata de uma homenagem justa a um grande, grande autor”.

Lúcio Craveiro da silva, nasceu em 1914, no Tortosendo. Entre outros foi Superior Provincial dos Jesuítas portugueses de 1960 a 1966. Foi um dos fundadores e diretor do Instituto Superior Económico e Social de Évora de 1965 a 1971. Em 1974, integrou a Comissão Instaladora da Universidade do Minho, tendo posteriormente exercido o cargo de reitor da mesma universidade de 1982 a 1986. A 13 de março de 1985, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública. Foi o primeiro reitor eleito em Portugal. Foi membro do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira e da Academia das Ciências de Lisboa.

“Uma personalidade distinta, que representa o sentido universal da humanidade”, disse Aida Alves, da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, biblioteca pública de Braga.

A responsável mostrou-se feliz por promover a obra do patrono da biblioteca e a sua memória.