O PCP na hora do desaparecimento de Manuel Quinteiro Gomes evoca a sua memória de resistente antifascista e homenageia a sua coragem.
Manuel Quinteiro Gomes faleceu ontem, dia 13, aos 91 anos. Era militante do PCP na Freguesia do Tortosendo onde residia.
Foi preso em 23-12-1963 pela PIDE e ficou na Cadeia do Aljube até 14-02-1964, data em que é transferido para Caxias. Foi posto à ordem dos Tribunais Criminais, de Lisboa primeiro e depois do Porto em 07-07-1964, ficando aí até ao julgamento de 21-07-1964 em que foi condenado a 18 meses de prisão, suspensão de direitos políticos por 5 anos e medida de segurança de internamento de 6 meses a 3 anos. Em 25-09-1964 foi transferido para a cadeia do Forte de Peniche. Em 15-06-1965 iniciou a medida de segurança de internamento, a pena prolongada, mas ainda foi internado 1 mês no Hospital-Prisão de S. João de Deus. Saiu de Peniche em 25-01-1967 em liberdade condicional, mas a definitiva só a teve em 12-05-1970.
“Não teve vida fácil, por causa das suas opções políticas, no tempo em que ter opinião diferente do regime vigente, era delito, crime com penas de prisão, torturas diversas, das mais simples às mais complexas que atingiam a mente. Esteve isolado mais de 50 dias e sofreu a tortura do sono até à alucinação”, relata ainda o PCP.
“O sofrimento não foi apenas o seu, mas estendeu-se à família, esposa, filhos, pais, e à comunidade que tentava minorar as privações com a recolha solidária de contributos que minoravam as carências vividas no Tortosendo. Por outro lado, as visitas na prisão não podiam ser frequentes, chegando a estar 1 ano e 1 mês sem visitas, dadas as dificuldades”.
Não desistiu da luta pelos seus ideais e, até a saúde começar a faltar, há poucos meses, esteve sempre presente.
Também a Junta de Freguesia do Tortosendo, na sua página oficial, publicou uma nota de pesar em que sublinha que “foi com profunda tristeza que recebemos a notícia do falecimento de Manuel Quinteiro Gomes. Fica eternizada no Memorial aos Presos Políticos, inaugurado em 2024, a sua frase “O HOMEM É UM OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO””, descreve na nota.
“Homem de convicções fortes, deixa a sua marca no Tortosendo”, aponta a Junta de Freguesia.