Resposta pronta e coordenada. Planos de emergência postos à prova em simulacro na Serra

Em 1987 o despiste de um autocarro de passageiros na Serra da Estrela foi real. Ontem à tarde foi um exercício “com um balanço muito positivo”.

Tudo aconteceu na Serra da Estrela, no sentido Penhas da Saúde – Covilhã, muito próximo do cruzamento que dá acesso ao Estádio Municipal José Santos Pinto. Um autocarro despistou-se, com 47 passageiros a bordo e caiu numa ravina. O cenário não era real, mas o empenho dos mais de 220 operacionais de 29 entidades diferentes foi, garantiu o Coordenador do Serviço Municipal de Proteção Civil da Covilhã, Luís Marques, vincando que os objetivos traçados para o exercício foram alcançados.


No local os operacionais depararam-se com 17 passageiros ilesos, seis feridos ligeiros, 10 feridos moderados, seis feridos graves e oito vítimas mortais.  Os feridos foram assistidos e retirados do local “no espaço de tempo que tínhamos pré-definido, em menos de 2 horas”, sublinhou, também, Luís Marques.

Frisa ainda a existência de uma operação mais complexa que envolveu a Força Aérea, uma vez que existiam “vítimas projetadas, em locais inacessíveis”, realçando que mesmo assim as operações de salvamento e estabilização decorreram dentro do previsto.

Um exercício fundamental para “treinar e testar” para que, no teatro de operações, em cenário real, cada entidade de proteção civil saiba qual é o seu papel e o que fazer, detalhou.

Luís Marques vinca que só com estes exercícios se consegue preparar os operacionais para situações reais.

“O treinar no campo, fazer a tarefa, ter a visão de como se movimentam os meios é fundamental. Em sala estamos a recriar e a imaginar. Aqui não. Com certeza que todos os operacionais que estiveram aqui envolvidos, se no futuro tiveram de intervir numa situação, se vão recordar de alguma coisa que prepararam aqui”, disse o Coordenador e também comandante dos Bombeiros Voluntários da Covilhã

Luís Marques também sustentou que, apesar de se tratar de um exercício pré-preparado, “não é uma peça de teatro”.

“Não está tudo planeado, a ação no terreno é dinâmica. Todos sabiam que era um acidente de autocarro e cada uma das entidades fez o seu trabalho no socorro”.

Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã e responsável máximo pela proteção civil, aponta que o exercício tinha por base testar o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil, que foi acionado.

Realça que tudo decorreu dentro do planeado, salientando “a articulação de meios” que existiu. Aponta que nestas situações “salvar vidas depende do grau de prontidão das forças”, para reforçar a importância destes exercícios.

Para além do socorro às vítimas, sublinha que foram criadas, pelos serviços municipais, outras estruturas de apoio à população.

“Criámos uma zona de concentração e de apoio à população no Pavilhão Municipal INATEL, com a ação social municipal, com psicólogos, com 30 camas para quem possa necessitar de apoio e o necrotério para as vítimas mortais, instalado no Complexo Desportivo”, detalhou.

Sublinha ainda a articulação com a ULS Cova da Beira, que também acionou o seu Plano de Emergência Externo e que também deu resposta aos feridos que para ali foram transportados.

Vítor Pereira garante que “todas as forças que intervieram foram fundamentais”, sublinhando que o exercício se “aproximou muito da realidade”.

Outro dos pontos que realça é o facto de um exercício desta natureza, pela sua escala, servir também para sensibilizar a população. “Permite afinar procedimentos, cumprir regras, articulação de meios e é fundamental que também os nossos concidadãos estejam sensibilizados para eventos desta natureza”.

Recorda que é necessário que a população “se afaste da zona em que está a ser prestado o socorro e que facilite o acesso às forças que estão a prestar esse socorro”.

Este exercício foi promovido pelo Comando Sub-Regional de Proteção Civil das Beiras e Serra da Estrela, em articulação com os Bombeiros Voluntários da Covilhã, Câmara Municipal da Covilhã e Serviço Municipal de Proteção Civil.

Estiveram envolvidas as forças de segurança e serviços de emergência, nomeadamente Bombeiros da Covilhã, Corpos de Bombeiros da Região das Beiras e Serra da Estrela, Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, Serviço Municipal de Proteção Civil, Serviço de Ação Social do Município, GNR, PSP, Unidade Local de Saúde da Cova da Beira, Instituto Segurança Social, Transdev, Infraestruturas de Portugal, INEM, GNR-UEPS, Força Especial de Proteção Civil, Cruz Vermelha Portuguesa-Núcleo Covilhã, Polícia Judiciária, Instituto Medicina Legal, Delegado Saúde e Força Aérea Portuguesa.