Tortosendo: Heróis do Ultramar imortalizados em memorial

Foi emotiva a cerimónia de inauguração do memorial que imortaliza os 250 militares do Tortosendo que combateram na guerra do Ultramar, que, recorde-se, começou em 1961 e só terminou em 1974. A cerimónia decorreu esta sexta-feira, dia 9 de maio.

Com alguns dos antigos combatentes ainda presentes, e outros representados por familiares, foi o momento de recordar cada um, sublinhou David Silva, presidente da Junta de Freguesia, para quem estas homenagens são o melhor que leva de uma vida de 27 anos como autarca no Tortosendo.


“Passados estes 27 anos, podemos inaugurar estradas, sedes de instituições, mas se há momentos que ficam marcados são momentos como este”, disse.

Recordou que “há um ano foi inaugurado o memorial aos presos políticos, para deixar marcado os que lutaram pela liberdade, desta vez ficam imortalizados os que, quase durante 14 anos, lutaram pela pátria”. Sublinhou ainda o facto de a inauguração decorrer no Dia da Europa, Dia da Paz.

A finalizar, David Silva sublinhou a emoção de um dia “que vai ficar para a História do Tortosendo”.

O presidente da junta agradeceu, ainda, o trabalho empenhado de Raquel Antunes, que fez a recolha dos combatentes ao longo de dois anos. “Uma recolha inacabada”, uma vez que se está sempre a tempo de incluir mais nomes, também referiu David Silva.

A emoção do dia foi também sublinhada por Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, que deixou vincados os feitos destes jovens militares, chamados para uma guerra “incompreensível”, que “ceifou a vida a muitos deles” e por isso se “curvou perante a sua memória”.

“Fico sempre profundamente sensibilizado nas horas em que honramos a memória de quem deu o melhor de si: sangue suor e lagrimas, como diz o poeta, e, nesta altura, ficamos todos com o sentimento embargado, só quem não foi militar…”, disse.

Apontou que entre 61 e 74 tivemos uma “guerra incompreensível, vidas de jovens foram ceifadas numa altura em que devia estar a desfrutar do melhor e tiveram que ir para uma guerra inglória, mas foram porque tinham o sentido do dever, em defesa da pátria e por isso não posso deixar de me curvar perante a sua memória e cumprimentar de forma efusiva os que aqui estão”, vincou.

João Azevedo, presidente do Núcleo da Covilhã a Liga dos Combatentes, agradeceu, em nome de todos os ex-combatentes, a homenagem e nela incluiu, não só os que foram para a guerra, mas também quem ficou na pátria, principalmente as mães.

“Nós fomos heróis, mas há as que foram autênticas heroínas a aturarem-nos, a esperar por nós, a chorarem, principalmente as mães, e nós tivemos a sorte de voltar”, corrigindo depois para “da guerra nunca se volta”.

Fernando Quelhas, um dos ex-combatentes do Tortosendo, deixou o seu testemunho, com enfoque na importância que é reconhecer os que combateram e sofreram na guerra. “Um memorial em boa hora feito pela junta de Freguesia”, disse, salientando o facto de ser inaugurado no Dia da Europa, “dia de celebrar a paz”, desejando que esta seja “alcançada em qualquer parte do mundo”.