Por proposta do Grupo Municipal do PS, a Assembleia Municipal de Belmonte, com a abstenção do PSD e voto a favor das CDU, aprovou uma moção de repúdio pelo encerramento da Caixa de Crédito Agrícola de Caria.
Na discussão do ponto o PS apontou os lucros do banco a nível nacional, superiores a 4 milhões de euros, para frisar “que não se pode aceitar” esta situação.
“No ano de 2024 a Caixa Agrícola obteve um resultado líquido positivo superior a 4 milhões de euros, o que permitiu aumentar em 3 milhões de euros o seu capital social”, sublinhou Luís António. Citou as palavras do presidente do banco, “vejo com enorme agrado que hoje a Caixa está melhor preparada para lidar com as dificuldades do que há um ano atras”, para apontar que esta é mais uma razão “para não de poder aceitar este encerramento”. “Nós somos contra o encerramento de qualquer serviço, em qualquer localidade do concelho, porque ao enfraquecer estas localidades, enfraquece o próprio concelho”, disse.
O líder da bancada do PS também sublinhou “que se trata de uma entidade privada”, não sendo “fácil fazer as diligências necessárias”, razão pela qual apresentaram esta moção. “Não podemos deitar a toalha ao chão”, disse.
Rosa Coutinho, eleita da CDU, também pegou nos lucros chorudos dos bancos, questionando onde fica a responsabilidade social.
“Onde está a responsabilidade social de que tanto fazem publicidade, onde se encontra a força dos consumidores que tanto dizem proteger com o slogan «O cliente tem sempre razão»”. Recordando o protesto da população de Caria que ameaça retirar da Caixa Agrícola as suas poupanças, Rosa Coutinho questiona “onde está a razão que dão aos clientes? Deviam dar-lhe ouvidos”, concluiu.
O tema não foi consensual porque o Grupo Municipal do PSD, que no período antes da ordem do dia apresentou uma recomendação ao executivo para negociar com o Conselho de Administração no sentido de evitar o encerramento, considerou que uma “moção de repúdio” não é a melhor forma de conseguir reverter a situação
António Marques acusou o PS de não querer consensualizar a redação da moção e de “radicalizar e fechar as portas a uma solução”.
“Em bom português, repúdio significa rejeitar ou desprezar. Trata-se, portanto, de uma moção apresentada pelo PS a uma empresa privada dizendo-lhe que a rejeita ou a despreza. Será esta a forma de dizermos a alguém, ou a uma entidade, que precisamos dela?”, questionou.
António Marques apontou ainda o dedo à gestão socialista da Câmara Municipal de Belmonte, afirmando que “grande fatia da responsabilidade” é da autarquia que “nada fez para dinamizar a economia local no concelho e em particular na freguesia de Caria”.
Na declaração, acusando o PS de “confundir a Caixa de Crédito Agrícola com a Caixa Geral de Depósitos, pública e que deveria ter outras preocupações sociais”, António Marques desafiou os socialistas a apresentarem uma moção para que seja a CGD a prestar os serviços bancários na Vila de Caria.
Exortou ainda o PS a retirar a moção de repúdio e a aceitar a recomendação feita pela bancada laranja, que foi rejeitada pelo PS e CDU por considerarem que, estando a moção na ordem de trabalhos, não se justificava que o PSD tivesse avançado com esta iniciativa no período antes da ordem do dia.
A moção foi a votos e passou com os votos do PS e CDU e a abstenção do PSD. A Assembleia Municipal de Belmonte reuniu ontem, dia 27.