“Nossa Escola, Nossa Voz – Repensando o nome que nos representa” foi o mote de uma etapa de um projeto iniciado por alunos da Escola Secundária do Fundão, que visa atribuir um patrono à instituição, à semelhança de outras escolas da região, como a Escola João Franco.
A 5 de junho, o anfiteatro do Agrupamento de Escolas do Fundão acolheu uma mesa-redonda que deu início a um período de discussão pública sobre o tema. O debate contou com a moderação de Paulo Fernandes, presidente da Câmara Municipal do Fundão, e com a participação ativa do público, incluindo dois ex-diretores da escola.
As alunas Maria Carolina Encarnação e Sara Cruz, do 9.º B, bem como Leonel Barata, da Associação Fado Cale, defenderam, respetivamente, a adoção dos nomes de António Guterres, António Paulouro e Amália Rodrigues como possíveis patronos da escola. As três propostas resultaram de uma votação interna entre cerca de 100 alunos, dinamizada no âmbito do projeto “Aguarda Referendo”, promovido pela Camisola Preta, em colaboração com o Movimento “Eu Voto!”.
Durante o debate, o professor Armando Anacleto destacou que “a escola é dinâmica e encontra-se em permanente transformação”, relembrando que o atual símbolo da escola tem também uma história participada. Já o professor José Pina manifestou-se contra a atribuição de um patrono, defendendo que a instituição “tem uma marca e uma história que não pode ser relegada”.
As alunas contrapuseram que a intenção não é apagar a identidade da escola, mas sim valorizá-la através da associação a figuras que representam valores como o humanismo, a resiliência, a igualdade e a ligação às origens. Por sua vez, Leonel Barata destacou a importância de reconhecer Amália Rodrigues como figura marcante da cultura nacional e a oportunidade de o Fundão “fazer justiça à fadista”.
Este movimento estudantil nasceu no ano letivo 2023-24, com atividades nas aulas de Cidadania e Desenvolvimento, onde os alunos do 8.º ano realizaram reportagens e entrevistas sobre figuras marcantes da região. Os trabalhos foram submetidos à iniciativa nacional “Jornalistas em Rede”, promovida pela Rede de Bibliotecas Escolares e pelo jornal Público, tendo uma das reportagens sido distinguida como a melhor a nível nacional.
Durante o mês de junho, será realizada uma auscultação alargada junto da comunidade escolar, cujos resultados serão apresentados à Associação de Estudantes, Associação de Pais e ao Conselho Geral do Agrupamento. A eventual atribuição de um patrono não alterará o nome do Agrupamento de Escolas do Fundão, mas poderá marcar um novo capítulo na identidade da Escola Secundária.
A iniciativa incluiu ainda a inauguração de uma exposição do Departamento de Expressões e a apresentação da peça de teatro “Colóquios da Cereja”, consolidando o caráter multidisciplinar e comunitário do projeto.