Depois de vários anos de trabalho, a edição fac-similada da Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, em que relata o achamento do Brasil, resultado do trabalho desenvolvido por João José Alves Dias, foi apresenta na Torre do Tombo, em Lisboa.
“Uma réplica fabulosamente próxima do original, que está à guarda da Torre do Tombo, reproduzindo até a forma como está dobrada, o papel e a letra da carta que foi entregue ao Rei D. Manuel.
Trata-se de uma edição com mil exemplares, todos numerados e carimbados com o selo branco da editora Caleidoscópio. Uma edição que contem o certificado de autenticidade da Carta e também o do certificado da UNESCO que classificou este documento como “Memória do Mundo. Tudo em versão fac-similada, mas muito perto do original, até ao toque, foi descrito durante a apresentação que decorreu na última segunda-feira.
Nesta edição, para além do inglês, a carta está também traduzida para português atual.
Durante a apresentação, Luís Santos, diretor geral do Arquivo Livros e Bibliotecas, DGLAB, sublinhou que mais que editar um livro se trata “de um gesto de cidadania cultural”: devolver à comunidade, com rigor científico e beleza, aquela que muitos consideram a certidão de nascimento do Brasil.
Sublinhou também a importância patrimonial desta versão, apontando que o original “é único e frágil” e o seu acesso tem que ser restrito para se preservar, vincando que esta versão reduz a manipulação do original, permitindo que estudiosos o manipulem.
Esta edição resulta de uma iniciativa da DGLAB, Câmara Municipal de Belmonte e da editora Caledoscópio, e tem edição, estudo, transcrição e leitura atual de João José Alves Dias.
Para o presidente da Câmara Municipal de Belmonte, António Dias Rocha, esta edição é uma obra que lança um novo olhar sobre a chegada do mais ilustre belmontense, Pedro Álvares Cabral, a terras de Vera Cruz.
“Esta obra, de grande qualidade, irá certamente promover o conhecimento do passado, para que melhor possamos compreender o presente para que, deste modo, possamos construir um futuro melhor”, disse.
O Cônsul do Brasil em Portugal, Alexandro Candeias, para além de realçar o facto histórico, sublinha que a “Carta de Caminha” tem também importância literária como “crónica de viagem” pelos detalhes e pela forma como está escrita.
“Nesse contexto, a Carta de Caminha é uma obra-prima dirigida a ao Rei do Manuel. A sua leitura é muito agradável, muito fluida, cativante, misteriosa. O seu ritmo e sua didática prendem a atenção do leitor”, descreveu.
Sublinha que seria interessante confrontar a história relatada pela Carta de Caminha, o seu estilo e as informações, com os registos anteriores, do século XV, dos cronistas das navegações pela costa africana, que acompanharam Gil Eanes, Diogo Cão, Bartolomeu Dias e outros heróis expansão marítima portuguesa.
Para o Cônsul a “Carta de Caminha vai além de uma prosa de informação ou de um relatório de viagem. Trata-se de uma peça literária científica do Renascimento, pelo seu estilo objetivo, rico em informações e elementos, que hoje chamaríamos de antropológicos”.
O lançamento da obra “Carta de Pêro Vaz de Caminha” é promovido pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), em parceria com a Câmara Municipal de Belmonte e a editora Caleidoscópio.
A obra é uma edição, transcrição e leitura atual feita por João José Alves Dias, e trata a carta escrita por Pêro Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel I, sobre o achamento do Brasil pela expedição de Pedro Álvares Cabral.
A edição será apresentada publicamente em Belmonte, na Torre de Menagem do Castelo, dia 31, às 18:00.
