Marco Peba, ex-presidente do Sporting Clube da Covilhã garantiu hoje em conferência de imprensa que foi “empurrado” a demitir-se, depois de, em reunião de direção, ter sido contra a demissão do treinador do clube, por razões financeiras.
“Isto é tudo por eu não tomar a decisão de demitir José Bizarro. Eu optei por me demitir e não demitir José Bizarro”, disse já no final do encontro com os jornalistas.
Garante que “não pensa o clube como adepto”, como acontece com alguns dirigentes, “mas sim como gestor”. Afirma que foi “empurrado” para esta decisão, explicando que financeiramente este não suporta a demissão de uma equipa técnica e a contratação de outra.
“Fui empurrado. Nós tivemos uma reunião de Direção com o Conselho Fiscal para se apresentar um projeto para alterar o treinador e para alterar o diretor desportivo”, começou por detalhar porque, disse, “os sócios têm que de entender que “saí, mas não fugi”. “Não concordei pela parte financeira e essa parte para mim é a mais importante no clube”, sublinhou.
Afirma que o “desportivamente também interessa”, mas esse “tem de vir pela união e isso não existe”.
Uma decisão precipitada com o facto de lhe transmitirem que “havia diretores que ameaçavam demitir-se caso ele não o fizesse”, disse também o ex-dirigente serrano.
“Ainda que o pedido tenha também resultado de uma imposição do próprio Presidente da Assembleia Geral. Fui informado de que alguns elementos da direção ponderavam demitir-se caso eu optasse por não apresentar o meu pedido de demissão, tal cenário implicaria a queda da Direção por falta de quórum e a consequente necessidade de eleições antecipadas. Depois das demissões de 2 vices presidentes, ocorridas a 10/09/2025 e a 15 de outubro, e perante a clara perceção de que nem todos os meus colegas de direção partilhavam a mesma visão e compromisso, entendi que o mais responsável seria sair para não prejudicar o Sporting Clube da Covilhã. As cartas de demissão podem ser consultadas na Secretaria do clube e comprovar os factos que estou aqui a mencionar”, disse.
Marco Peba referia-se às cartas de demissão de David Timóteo a 10 de setembro, e de Joel Vital a 15 de outubro, com efetivação a 1 de novembro.
Recordar que Francisco Moreira negou na conferência de imprensa a existência de outras demissões, a não ser a de Marco Peba. Marco Peba garante que estas cartas foram entregues ao presidente da direção e à assembleia geral do clube.
Sobre as questões financeiras, afirma que sai numa altura em que o clube tem os pagamentos em dia e deixa 15 mil euros de saldo.
Realça, ainda, que há uma divida ao próprio Marco Peba, de 14.500 euros, devidamente documentada e outra à empresa para a qual trabalha, a Metalguarda, Indústria Metalúrgica, no valor de mais de 72 mil euros, para a qual será “certamente fácil fazer um acordo de pagamento”
No ano e meio em que esteve em funções, disse ainda Marco Peba, foram pagos 100 mil euros de um empréstimo à SDUQ, e foi feito um acordo de pagamento às finanças de uma divida total de 143 mil, em que o clube paga 6.800 euros mês, faltando pagar 7 meses.
Em termos financeiros afirma que deixa o clube “melhor do que o encontrou”.
“O que quero é sair de consciência tranquila e que os sócios entendam que eu não fugi. Amo este clube, o trabalho que estava a ser feito era muito difícil e acredito que até dezembro as coisas iam melhorar”.
Mostrou-se convicto que o melhor para o clube seria ir para eleições e não estranhou a decisão da Mesa da Assembleia Geral de descartar este cenário.
“Sabia que a decisão e o que Francisco Moreira ia dizer ontem era isto. Não ia fazer uma Comissão Administrativa e não ia marcar eleições”, disse, defendendo com “tandos problemas internos devia ir para eleições”
Marco Peba também explicou que tomou a decisão de falar em conferência de imprensa, depois da forma como foi tratado pela presidente da Mesa da Assembleia Geral que, no encontro com os jornalistas, na quarta-feira, dia 22, nunca se referiu a Marco Peba como presidente da direção, somente como “mais um elemento da direção”.