A empresa americana Prime Play quer investir no Sporting Clube da Covilhã, anunciou hoje o clube em conferência de imprensa.
Joel Vital, presidente da direção, sublinha que o projeto “pode marcar de forma decisiva o futuro do clube”. Trata-se um projeto que está a ser discutido com o Sporting Clube da Covilhã desde junho, mas que só nas últimas duas semanas teve o desenvolvimento suficiente para vir a público, foi justificado.
“É um projeto de investimento que pode marcar de forma decisiva o futuro do clube. Este é um momento importante e queremos abordá-lo com total transparência e sentido de responsabilidade”, começou por dizer Joel Vital.
“Trata-se de um projeto que já vem sendo discutido há algum tempo, mas só nas últimas semanas pudemos obter total clareza e perceber a sua verdadeira importância”.
O presidente aponta que “o objetivo passa pela construção da Academia, reformular a estrutura envolvente em todas as áreas e desenvolver novas categorias”, realça que o “projeto não está associado a nenhum presidente. Não está associado à direção”, é “uma proposta que, pela sua dimensão e impacto, deve ser analisada e discutida e decidida pelos sócios”, disse, detalhando que a apresentação tem precisamente o intuito de “assegurar que todos tenham acesso às informações essenciais e possam preparar as questões que considerem pertinentes”.
O presidente dos leões da serra realçou ainda que esta foi a única proposta que surgiu sem ser de “forma dúbia” e que vai ao encontro da vontade da direção.
Realça que as restantes propostas eram direcionadas à equipa profissional e isso é algo que a direção não pretende.
“Nós queremos um projeto para o clube e, principalmente, para a formação, para termos sustentabilidade, criando as bases primeiro para depois atingir outro fim que é o futebol profissional”, disse.
Também realçou que não se trata de “um fundo de investimento”, mas de uma empresa que dá a cara.
Joel Vital mostrou-se convicto que esta “é a linha” que se quer para o clube.
“A ideia é nós mostrarmos que enquanto cá estivermos nós temos uma linha definida para o futuro do clube. Quer estejamos cá até dia 20, quer estejamos cá até ao final da época, quer estejamos cá até quando quiserem que que nós cá estejamos. Nós temos que, de uma vez por todas, criar uma linha, definir bem o que é que o clube quer, para onde quer ir e, principalmente, dar condições à formação que nós não damos condições aos miúdos da formação”, vincou.
Exemplificou que “ainda hoje de manhã um miúdo partiu um braço porque não havia condições para jogar, foram a jogo e partiu um braço. Não pode acontecer. Estamos em 2025. Ainda temos um pelado ativo para os miúdos treinarem: não pode. Temos de uma vez por todas de apontar para um caminho e se os sócios desejarem que seja este o caminho, nós estamos cá para seguir, connosco ou com outras pessoas que venham. Este projeto não é dos diretores do clube, não é do presidente. Este projeto é um projeto para o clube, para a cidade”, rematou.
Não há para já compromissos com valores ou timing, ficou também claro nesta conferência de imprensa, onde foi sublinhado que, face aos resultados negativos que acontecem sucessivamente, este será o melhor caminho, ou até mesmo, o único caminho e este projeto a última oportunidade
“Temos de começar de algum ponto, o ponto de partida e pensamos que seja este: apresentar soluções e apresentar projetos. A partir daí tem de haver todo o desenvolvimento e também queremos ouvir. Se continuarmos depois do dia 20, temos de marcar nova Assembleia Geral para ouvir os sócios, as preocupações e o que desejam para o clube e se é esta esta via que querem para o clube, porque a meu ver, não há muitas mais hipóteses para o clube. Ano após ano, e vamos ver isso no dia 20, tem sido muito penoso, muito prejudicial para o clube, só o futebol profissional dá muito prejuízo. Nós temos que de alguma forma de inverter isso e criar um clube autossustentável. Porque se não, daqui a alguns anos, corremos o risco de o Sporting Clube da Covilhã desaparecer e é isso que ninguém quer”, vincou.
A empresa nasceu nos EUA, apresentando-se como um projeto de sucesso, com cerca de 3000 jogadores em três anos e sendo a terceira melhor academia em todo o país, disse Miguel Gonzalez, um dos sócios que participou na conferencia de imprensa de apresentação do projeto.
Afirma-se focada em fazer o mesmo na Europa, disse, criando uma rede multi-clubes, investindo em clubes profissionais ou semiprofissionais.
A ideia é investir na formação, criando as infraestruturas necessárias, como a academia do SCC e trabalhar em escala, o que se consegue com os vários clubes que a Prime Play representa.
Fernando Ponce, diretor geral da Prime Play na Europa, sublinhou que a decisão de investir na Covilhã surge porque a empresa acredita no potencial desportivo do clube e no crescimento que pode existir, apostando nas infraestruturas necessárias.
A empresa também realçou que o facto de haver uma universidade na cidade e a localização estratégica pesou na decisão.
Sem avançar com datas, ou valor, realça que “tem sido paciente” e conversado com o clube já há alguns meses, aguardando por isso a decisão dos sócios. Sublinha que não investe “num clube em que não seja bem-vinda”, apontando que não é prioritário que a empresa venha a deter a maioria do capital de uma futura SAD.
A última palavra será sempre dos sócios, frisou Joel Vital.
O clube, recorde-se, reúne em assembleia geral na quinta-feira e, embora este não seja um dos pontos da ordem do dia, será certamente um dos temas a abordar.
Na ordem de trabalhos, para além das contas, consta também a ratificação da cooptação de Joel Vital para o cargo de presidente.
