Espólio de António Lopes reforçado com nova peça em sala expositiva totalmente renovada

A mostra sobre a vida e obra de António Lopes, na galeria que tem o seu nome, em pleno Centro Histórico da Covilhã, está de novo patente, depois de um trabalho de renovação.

Do vasto património faz parte uma nova tapeçaria, oferta de um familiar de António Lopes.


Durante a abertura do espaço, que esteve entre março e junho ao serviço da Trienal de Design da Covilhã, o presidente da Câmara Municipal da Covilhã, apara além dos naturais elogios à obra e à visão pioneira de António Lopes, mostrou esperança que “a mostra sirva de inspiração” a quem a visite.

Sublinha “o espólio vasto e agora acrescido”, “esperando e fazendo votos que o trabalho e o exemplo do Professor António Lopes possam servir de inspiração também para outros visitantes e para os covilhanenses que aqui venham visitar este espaço”, disse.

Sublinha também que na Galeria há uma sala de exposições temporárias, com espaço expositivo para novos artistas”, que deve também merecer um olhar atento.

A Galeria António Lopes abriu em 2015, foi renovada em 2018, altura em que o município criou o “Fundo Documental António Lopes” que está disponível no Arquivo Municipal.

Nesta nova renovação o município criou também um mural de homenagem a António Pinto Pires, o curador e mentor inicial da galeria.

“A Galeria abriu em 2015 muito, muito, muito por força e com a dedicação e o empenho do Professor António Pinto Pires, que hoje também muito justamente aqui homenageámos, um covilhanense que gostava da sua terra e que sempre procurou, através do seu trabalho, da sua dedicação, da sua investigação, a sua escrita, a sua arte, valorizar o nosso território e valorizar também aqueles que se distinguiram por alguma razão no nosso território, na nossa Covilhã”, disse na ocasião o presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Hélio Fazendeiro.

Recordar que o António Lopes, professor e artista multifacetado, nascido em 1900 em Lisboa, viveu durante mais de 30 anos na Covilhã, onde foi professor e artista, envolvendo-se também na vida comunitária da cidade.

As tapeçarias são um dos seus maiores legados. Para além de professor foi também jornalista do Diário de Notícias, no Jornal do Fundão e contribuiu também com gravuras suas para vários jornais como o “Diabo”, onde caricaturou Antero de Quental, Guerra Junqueiro e Hitler.

Apaixonado pela Serra da Estrela, foi pioneiro na defesa das suas potencialidades demonstrando-o através de várias fotos que tirou da Serra e das suas gentes.

Em 1931 participa na fundação do Sky Clube de Portugal, começando a cativar o povo português e mais tarde os estrangeiros, pela prática de sky.

Outra das atividades desenvolvidas pelo professor foi a tapeçaria que introduziu em Portugal, com novos desenhos e novas cores inspiradas nos bordados de Castelo Branco. Na segunda metade da década de 40 do século passado, fundou a fábrica de tapetes da Serra da Estrela, fomentou o cultivo do linho e da seda em várias aldeias beirãs, desenvolveu a produção de panos de linho.

Através de exposições, divulgou grandemente esta arte da Beira Baixa promovendo a comercialização deste tipo de trabalho. Podemos encontrar grandes tapeçarias suas em vários organismos oficiais como na Câmara Municipal da Covilhã e no Governo-geral de Angola, em hotéis como o Astória de Monfortinho e no Tivoli em Lisboa. Outro dos seus grandes trabalhos foi um tapete com elementos alusivos à viagem de Pêro da Covilhã e que a Câmara ofereceu ao imperador da Abissínia.

António Lopes deixou também a sua marca em várias igrejas da Beira. Pintou o teto da Igreja de Santa Maria, o teto da Junta Provincial da Beira Baixa, a Igreja da Misericórdia