O espaço da Galeria António Lopes dedicado à vida e obra do artista que lhe dá nome vai reabrir ao público no próximo dia 14, sexta-feira, durante o encerramento da IV Creative Week.
O espaço foi encerrado ao público para renovação em março, esteve desde então com exposições temporárias no âmbito da 1.ª Trienal Internacional de Design da Covilhã.
Contará com um novo enquadramento do espólio, que foi doada pela família à autarquia, e terá uma nova tapeçaria de António Lopes que foi doada recentemente, detalhou a autarca.
“Aproveitámos a Trienal como enquadramento para esta reinterpretação dos conteúdos”, disse, vincando que serão adaptados suportes da Trienal para a nova imagem do espaço que terá também uma nova narrativa.
A autarca realça que “estes espaços devem ser atualizados com frequência e desde 2018 que este não era mexido”.
A nova tapeçaria em exposição foi doada recentemente à Câmara Municipal da Covilhã pela Fábrica de Tapetes da Serra da Estrela.
Recordar que o António Lopes, professor e artista multifacetado, nascido em 1900 em Lisboa, viveu durante mais de 30 anos na Covilhã, onde foi professor e artista, envolvendo-se também na vida comunitária da cidade.
As tapeçarias são um dos seus maiores legados. Para além de professor foi também jornalista do Diário de Notícias, no Jornal do Fundão e contribuiu também com gravuras suas para vários jornais como o “Diabo”, onde caricaturou Antero de Quental, Guerra Junqueiro e Hitler.
Apaixonado pela Serra da Estrela, foi pioneiro na defesa das suas potencialidades demonstrando-o através de várias fotos que tirou da Serra e das suas gentes.
Em 1931 participa na fundação do Sky Clube de Portugal, começando a cativar o povo português e mais tarde os estrangeiros, pela prática de sky.
Outra das atividades desenvolvidas pelo professor foi a tapeçaria que introduziu em Portugal, com novos desenhos e novas cores inspiradas nos bordados de Castelo Branco. Na segunda metade da década de 40 do século passado, fundou a fábrica de tapetes da Serra da Estrela, fomentou o cultivo do linho e da seda em várias aldeias beirãs, desenvolveu a produção de panos de linho.
Através de exposições, divulgou grandemente esta arte da Beira Baixa promovendo a comercialização deste tipo de trabalho. Podemos encontrar grandes tapeçarias suas em vários organismos oficiais como na Câmara Municipal da Covilhã e no Governo-geral de Angola, em hotéis como o Astória de Monfortinho e no Tivoli em Lisboa. Outro dos seus grandes trabalhos foi um tapete com elementos alusivos à viagem de Pêro da Covilhã e que a Câmara ofereceu ao imperador da Abissínia.
António Lopes deixou também a sua marca em várias igrejas da Beira. Pintou o teto da Igreja de Santa Maria, o teto da Junta Provincial da Beira Baixa, a Igreja da Misericórdia.
