Com sala cheia, no dia em que se celebrou o Dia Internacional para a eliminação da violência contra as mulheres, Solange Franco, Presidente da CPCJ (Comissão de Proteção de Crianças e Jovens) da Covilhã, abriu o 5º seminário “Violência Doméstica: Hora de Atuar”, no Auditório das Sessões Solenes da UBI, afirmando que se tem verificado um aumento significativo de sinalizações.
“No ano de 2024, a CPCJ trabalhou em 341 processos de promoção e proteção, sendo que 71 deles dizem respeito a violência doméstica, 36 ao absentismo escolar e 23 pertencem a comportamentos graves antissociais ou de indisciplina. São resultados que nos devem preocupar a todos”, começou por dizer a Presidente da Comissão.
“A CPCJ da Covilhã trabalha diariamente em prol da defesa dos direitos das crianças e jovens do concelho, com acompanhamento de forma a minimizar as situações que nos chegam e também da promoção de iniciativas de sensibilização junto dos estabelecimentos de ensino, iniciativas como este seminário”, afirmou ainda, durante a sessão de abertura do seminário.
Pedro Inácio, Vice-Reitor da UBI, durante o seu discurso, enfatizou o facto de as ferramentas digitais conseguirem ser um apoio à denúncia, mas também algo que pode perpetuar novas formas de violência.
Carlos Diogo, Procurador da República, comentou durante o seu discurso de abertura, sobre o facto de este ano, já terem sido mortas 24 mulheres devido à violência doméstica, e a prevenção não estar a fazer efeito. “Cada vez temos mais processos nos tribunais, e a Covilhã não é exceção, pelo contrário, tem casos bastante graves e um número a aumentar cada vez mais”, acrescentou.
O número de crimes de violência em Portugal está a aumentar, e na região das Beiras e Serra da Estrela, regista-se um franco crescimento. O Capitão João Santos, Comandante da GNR da Covilhã, afirmou que “uma boa parte do maior porte criminal é um atualizar efetivo do fenómeno.”
Hélio Fazendeiro, Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, deixou ainda a mensagem de que a CMC, está do lado de todos aqueles que trabalham e tornam a comunidade mais amiga, empática e tolerante.
Maria João Fernandes, Vice-Presidente da Comissão Nacional de Promoção de Direitos e Proteção de Crianças e Jovens, terminou o seu discurso com um apelo a todos os jovens presentes no 5º seminário.
“Sejam areia na engrenagem da violência, porque não podemos aceitar, nem normalizar a violência. E em relação à violência doméstica, hoje e sempre, cada vez mais atentos.”
O 5º seminário, organizado pela CPCJ, com o tema “Violência Doméstica: Hora de Atuar”, decorreu no Auditório das Sessões Solenes da UBI, no dia 25 de novembro, onde foram abordados temas como a violência doméstica, violência familiar sobre crianças, o impacto da violência doméstica na saúde mental e ainda boas práticas para uma atuação integrada e humanizada.
Recorde-se que, em 2024, as freguesias que registaram maior número de crianças/jovens com processos de promoção e proteção foram a União de freguesias de Covilhã e Canhoso, com 130 processos seguindo-se o Tortosendo com 56 processos, a União de Freguesias do Teixoso e Sarzedo com 53 processos. Estas freguesias constituem-se como sendo algumas das freguesias com maior número de habitantes.
