Revitalização da Serra da Estrela na gaveta. “Profundo desapontamento”, critica Hélio Fazendeiro

Hélio Fazendeiro, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, mostra “profundo desapontamento” com a “desorçamentação” do Plano de Revitalização do Parque Natural da Serra da Estrela, que não tem qualquer verba contemplada no Orçamento do Estado para 2026, uma vez que a proposta do PS para o Governo retomar o Plano foi chumbada com os votos contra do PSD e CDS e a abstenção do Chega.

“Sinto profundo desapontamento. Eu não posso dizer que é subfinanciamento, porque a verdade é que o financiamento é zero no Orçamento. Em 2025, podíamos falar de um subfinanciamento, na medida em que havia apenas 1,5 milhões de euros para o plano de revitalização previsto inicialmente com 155 milhões de euros, mas a verdade é que para 2026 não há uma suborçamentação, há uma desorçamentação completa. São 0 euros e eu lamento profundamente”, disse no final da reunião privada da Câmara Municipal da Covilhã aos jornalistas.


O autarca relembrou que este plano foi elaborado após o Governo PS, na altura, auscultar os agentes no território, desde Juntas de Freguesia, a autarquias, associações empresariais e até grupos informais, e “continha medidas que o território entendia que eram determinantes para fazer face à regeneração após o incêndio de 2022”, com o valor global de 155 milhões de euros.

Também apontou que no caso concreto da Covilhã, entre as medidas, constavam a Barragem das Cortes, com cerca de 30 milhões, financiada pelo Orçamento do Estado, a Estrada de ligação entre Verdelhos e o Poço do Inferno, com cerca de um milhão de euros, recordando que Verdelhos foi das freguesias mais afetada por este incêndio.

Hélio Fazendeiro, ainda assim, disse que mantém a expectativa que o Governo apoie na recuperação:

“Nós continuamos com grande expectativa que possa existir, da parte do Governo, uma sensibilidade para a recuperação do território depois da catástrofe que nos assolou em 2022”, disse.

Para além deste Plano o autarca reclama também do Governo medidas para enfrentar a catástrofe provocada pelos incêndios de agosto.

“Eu espero que seja possível a Covilhã, e os territórios ardidos neste grande incêndio de agosto, que foi em termos de dimensão territorial muito superior até aos incêndios de 2022, no total do incêndio de 2022 arderam 27 mil hectares e, só na Covilhã, no incêndio de agosto de 2025 arderam 20 mil hectares, o que dá para perceber a escala e a dimensão daquilo que ocorreu este ano”, “eu espero também que seja possível obter o apoio do Governo para a rearborização e para a reflorestação do território que agora ardeu”, disse, vincando que a autarquia já tem no terreno as medidas de emergência pós-incêndio.

O presidente da Câmara Municipal da Covilhã reclama também medidas de emergência para fazer face aos prejuízos provocados pela tempestade Cláudia, que afetou em larga escala as zonas ardidas em agosto

“Espero ter apoio do Governo para fazer face aos prejuízos que a tempestade Cláudia, naquele período de intempéries que nós tivemos e que foi particularmente violento nos territórios ardidos”. “Nós temos prejuízos que ainda estamos a fazer o levantamento, a contabilizar o total dos prejuízos, mas foram prejuízos muito violentos naquilo que foram as encostas, as aldeias, as margens dos cursos de água”, detalhou.

Vinca que “gostava que o Governo olhasse também para esses territórios e pudesse ajudar e pudesse ter aqui um fundo de emergência que nos permitisse fazer face a estes prejuízos que acabam, no fundo, por ser também consequência do incêndio de agosto”.

Hélio Fazendeiro falava aos jornalistas no encontro habitual no final das reuniões privadas da Câmara Municipal da Covilhã, na sexta-feira, dia 5.