Cultura da Covilhã está mais pobre. Faleceu o Maestro Campos Costa

Faleceu hoje, aos 93 anos, o Maestro Campos Costa, uma das figuras maiores da cultura covilhanense, fundador, entre outros, do Conservatório Regional de Musica da Covilhã e mentor de muitas iniciativas culturais na cidade e região.

Oriundo de uma família tradicionalmente covilhanense, nasceu a 3 de fevereiro de 1929, na cidade do Porto, onde os seus pais viveram temporariamente. Veio para a Covilhã com três meses de idade, onde frequentou o Liceu Frei Heitor Pinto e a Escola Industrial Campos Mello.


No âmbito do Orfeão da Covilhã, criou em 1961, o Conservatório Regional de Música da Covilhã e dirigiu, de 1966 a 1973, o Coro Misto, o Coro Sacro e o Coro Etnográfico, tendo mantido colaboração mensal com a Emissora Nacional de Radiodifusão.

Em 1970, no centenário da elevação da Covilhã a Cidade, propôs à Câmara Municipal e levou a efeito o 1º Concurso de Piano “Cidade da Covilhã”, do qual já se realizaram 9 edições. Promoveu igualmente o ressurgimento dos “Quadros Vivos” do Teixoso, que não se realizavam há mais de 50 anos, tendo a sua ação merecido as melhores referências por parte do Dr. José Lopes Dias. Também esteve na base da ideia da canção “Cidade-Neve”, cantada por Amália Rodrigues, do qual são autores Nóbrega e Sousa (música) e Joaquim Pedro Gonçalves (letra), sobre guião do Dr. Duarte Simões.

Em 1971, sob proposta do Dr. João de Freitas Branco, é nomeado Delegado da Juventude Musical Portuguesa na Covilhã, cargo que desempenhou até ao presente.

Em 1972, como professor de Canto Coral do Liceu Heitor Pinto, esteve na origem do 1º Concurso de Piano “Júlio Cardona”, em estreita colaboração com os alunos finalistas desse ano lectivo.

Em 1975, o seu nome figura entre os Membros Observadores de Honra do VII Concurso Internacional de Piano “Vianna da Motta”, a que assistiu a convite do pianista Sequeira Costa.

Em 1997, no âmbito da Delegação da Juventude Musical Portuguesa, promoveu e levou a efeito o Concurso de Instrumentos de Arco “Júlio Cardona”, de âmbito internacional. Ainda que autodidata em música, é autor de diversas composições, sendo de sua autoria o “Hino da Escola Industrial Campos Mello”. No campo das letras, para além de artigos de opinião, crítica musical e reportagem, publicou diversas obras de caráter literário.

Em 2002 criou o Coro Misto da Academia Sénior da Covilhã.

Em reconhecimento pela sua ação no âmbito da Cultura, foi agraciado com as seguintes condecorações: Cavaleiro da Ordem Imperial Bizantina de Santo Eugénio de Trebizonda, grau Protospatário (Comendador); Cavaleiro de Justiça da Ordem Ecuménica de Malta; Condecorado com a Cruz de Honra da Ordem Ecuménica de Malta e Medalha de Mérito Municipal, categoria Prata, atribuída pela Câmara Municipal da Covilhã.

A 3 de fevereiro de 2019, data em que celebrou 90 anos de vida, a Câmara Municipal da Covilhã promoveu-lhe uma homenagem que começou com a realização de uma missa na Igreja da Misericórdia, à qual se seguiu, uma sessão de homenagem, no salão nobre dos Paços do Concelho.