Paulo Corono encara “o castigo” que lhe foi imposto por tráfico de droga há 20 anos atrás, como “um mal que veio por bem”. Era toxicodependente, entrou no tráfico e foi detido. Uma histórica como tantas outras mas esta com um final feliz. Agarrou-se à leitura para se libertar, dessa forma, disse à Rádio Covilhã, “só o corpo estava preso, o espirito era livre”. Foi na prisão que “meteu a mão na consciência e viu que ou melhorava, ou dali só para o cemitério”.
Recorda que sempre foi apontado “como o pior do grupo”, quem o conhecia dizia-lhe que “nunca iria melhorar e ser alguém”. Palavras que lhe deram a força necessária, para dar a volta “e o resultado está à vista”, disse à nossa reportagem com orgulho.
A vontade de mudar levou-o à escrita e durante os anos em que esteve detido escreveu o livro “ O meu Caminhar”, que ontem apresentou na Quinta de S. Miguel, quinta em regime aberto do Estabelecimento Prisional da Covilhã. Um local onde “não tinha voltado” desde que é um homem verdadeiramente livre. Escolheu este local para apresentar o que escreveu enquanto detido, devido “ao simbolismo que tem” e para “mostrar que é possível mudar”.
Desde que saiu da prisão, Paulo Corono, reside na Suíça, país onde tem a vida perfeitamente estabelecida, e “é o exemplo de que a reinserção é possível”, afirma a diretora do Estabelecimento Prisional da Covilhã. Otília Simões apresenta o caso de Paulo como “tudo do que de bom se pode fazer, mesmo em situações negativas”. A diretora acrescenta que os profissionais “todos os dias trabalham para ter histórias como as de Paulo”, é a certeza de que “se está a fazer algo de bom para cada um dos reclusos”. Um caso em que a “palavra reinserção não é vã”, sublinha.
Quanto ao livro, a diretora da prisão da Covilhã recomenda a sua leitura. Afirma que é um livro “intenso”, onde está “espelhada a importância das relações com o exterior”, nomeadamente as familiares, “a que só se dá valor quando se perdem”.