Por razões diferentes, as cinco bancadas com assento na Assembleia Municipal da Covilhã afirmaram, nos seus discursos, durante a sessão solene comemorativa dos 45 anos do 25 de abril, que em vários aspetos da vida comunitária do país e do concelho, “falta cumprir o espírito de abril”.
Vítor Reis Silva, do PCP apontou como principal entrave ao espírito de abril, a política social. Para o comunista “o que Portugal precisa é avançar no caminho de abril, com uma política que reforce os direitos socias, que assegure um sistema público de segurança social e que proteja idosos e crianças”. A transferência de competências para as autarquias também mereceu referência. Reis Silva considera que “a proximidade” de que muito se fala, serve “para tentar levar ao engano as autarquias com a transferência de competências”, enquanto se mantém “há quatro anos a recusa de devolver as freguesias roubadas”. Para o comunista é tempo de “avançar para abril e fazer cumprir a constituição”.
Pelo PSD usou da palavra Hugo Lopes, para o mesmo as conquistas de abril como “o fim do serviço militar obrigatório, e o direito ao voto, não significam o fim da história”. O social democrata afirmou que existe como alternativa “o princípio ou o precipício”, e “cabe a cada um decidir para onde caminha”, frisando que a direção correta será “seguir a ética, mantendo um governo do povo e para o povo, onde ser filho, sobrinho ou mulher de alguém não seja uma condição para passar à frente dos outros”. Hugo Lopes frisou ainda que só com o “respeito pelas oposições, com uma comunicação social livre e autónoma” se seguirão os valores de abril, “defendendo a constituição e a república e não uma monarquia encapotada”.
João Vasco Caldeira, do CDS-PP, alertou para “os erros e atitudes do passado”, que “embora com outros atores” se perpetuam no tempo. Para o centrista é preciso “lembrar o passado, compreender o presente” e olhando para a realidade constata que é preciso “renovar a primavera de abril”, referindo que “não se realiza abril” quando “não há acessibilidades a edifícios públicos, quando os aparelhos e famílias partidárias se apoderam do aparelho do estado, quando não se respeita os adversários, quando se reduz os jovens a espetadores, quando se desqualifica o direito à greve e quando não se respeita o interior, não o tratando com a mesma dignidade de Lisboa ou Porto”.
O Movimento de Novo Covilhã optou por um discurso no feminino, proferido por Tereza Fazendeiro e centrado nas mulheres. Considerou que apesar das conquistas de abril, a igualdade está longe de ser alcançada, sugerindo à autarquia “algumas medidas para melhorar o cenário”, nomeadamente “a nomeação para cargos dirigentes nas empresas municipais onde não existem” e o “reforço da rede de apoio à família, para aliviar a carga dupla de jornada de trabalho que as mulheres enfrentam todos os dias”.
Reconhecendo que a autarquia não pode “intervir no setor privado” considerou que pode e “deve dar o exemplo relativamente aos seus funcionários e aquelas que prestam trabalho no seu universo empresarial” alertando para a aceitação de situações como “jornada continua e horários flexíveis”. Para Tereza Fazendeiro, “só haverá 25 abril com estas mudanças socias”, que “só serão efetivas quando as mulheres entrarem em cena.”
Por parte do Partido Socialista usou da palavra Pina Simão, que chamou a atenção para as diferenças do país, analisando o antes e o pós revolução frisando, no entanto, que “as conquistas de abril não estão seguras”. Para o socialista “é preciso comemorar abril sempre, defendendo e potenciando as suas conquistas para um país e concelho mais igual e solidário”.
Para além das celebrações, Pina Simão referiu que é preciso estar alerta para os atropelos aos direitos adquiridos como o Serviço Nacional de Saúde ou Segurança Social. No concelho, salientou “o que o PS tem feito desde há seis anos para respeitar os valores de abril”, como a criação da figura do provedor do munícipe, o asfaltamento de estradas, a redução do preço da água, o plano intermunicipal para a igualdade, a criação de espaços do cidadão entre outras medidas que elencou, frisando que “os exemplos são muitos e bons”.