Elisa Pinheiro, ex-diretora do Museu de Lanifícios da UBI acusa a Câmara Municipal de, no passado, “não ter cuidado” do património industrial da cidade. A historiadora falava durante a apresentação do festival “Industrial” e afirmou que “só agora essa defesa está a ser assumida pela Câmara Municipal, que, durante muitos anos teve uma posição contrária”, vincando que foi a Universidade que assumiu esse papel.
Segundo relata Elisa Pinheiro, os entraves ao estudo e divulgação deste património remontam à execução do projeto Rota da Lã – Translana, nos anos de 2008 e 2009, especificando que a Câmara Municipal da Covilhã “foi parceira, foi-lhe entregue a parte de investigação, que não foi feita”, acrescentando que a Câmara, à época, “não gastou o dinheiro para esse efeito, e teve que o devolver à Comunidade Europeia”, vincando que o objetivo era “fazer o levantamento de todos os edifícios fabris do concelho da Covilhã, o que não se fez”, disse.
Um levantamento que viria a realizar-se depois “com o apoio da Região de Turismo da Serra da Estrela” recorda a historiadora. Surgiram assim os dois volumes que existem da Rota da Lã- Translana, “onde está inventariado o património industrial da Beira Interior e as Rotas da Transumância”.
Elisa Pinheiro afirma que o objetivo deste estudo sempre foi contribuir para a ordenamento do território e para “fazer em Portugal o que se fazia em Espanha”, especificando que “era para que as instituições que gerem o território, partissem desta informação, e a pudessem aplicar nos seus instrumentos”.
Com os entraves, segundo relata “perderam-se cerca de 40% dos edifícios que existiram no passado, e muitos dos processos de classificação que estavam em curso caíram por terra”, salvaguardando que agora “estão criadas as condições para se proteger o que se tem e para se projetar a nível local e nacional”.