O presidente da Associação Nacional de Industriais de Lanifícios (ANIL), que tem sede na Covilhã, pede ao Governo apoios para que as empresas possam comprar as matérias-primas e fazer as roupas da próxima estação, depois de ultrapassada a pandemia da Covid-19.
José Robalo frisa, em declarações à agência Lusa, que as empresas produziram a coleção de outono/inverno, mas não conseguiram entregar os tecidos, exportados quase na totalidade, porque os clientes foram fechando portas nos vários países, quer as confeções, quer as lojas.
“A coleção outono/inverno não foi entregue. Esta estação já desapareceu, os armazéns estão lotados com excesso de stock. Se não vendi esta estação, como é que vou comprar matéria-prima para fazer a seguinte? Há apoios do Estado de que a indústria vai necessitar”, defende o presidente da ANIL.
Segundo José Robalo, o impacto faz-se sentir desde fevereiro, altura em que algumas empresas começaram a notar dificuldades no abastecimento da lã, uma vez que a maioria é proveniente da Austrália, mas a sua lavagem é feita na China, explica.
Seguiu-se “uma redução drástica nas encomendas, que é geral”, devido à incerteza que se vive. “As encomendas começaram a ser anuladas nuns casos, suspensas, em outros casos adiadas”, sublinha o presidente da ANIL.
O recurso de algumas empresas ao “lay-off”, em alguns casos parcial, foi uma das soluções encontradas, mas “o futuro é uma incógnita”, num setor que, segundo os últimos dados conhecidos, de 2018, adianta José Robalo, exportou cerca de 300 milhões de euros, sendo à volta de 200 milhões da Cova da Beira, onde está instalado o maior exportador do setor, o Grupo Paulo de Oliveira, na Covilhã.
O responsável acentua existir uma cadeia para que tudo funcione normalmente, “das matérias-primas ao produto final na loja”. Se a venda ao público continuar suspensa, “vai ser um problema muito grande”.
José Robalo prefere não fazer projeções. Espera que a situação provocada pela pandemia do novo coronavírus não se prolongue e aguarda a reação do mercado, mas acrescenta que se a situação não se resolver, será impossível as empresas manterem as suas estruturas.
“Com as empresas paradas, é impossível manter toda a estrutura produtiva”, antevê o presidente da ANIL, para quem, neste momento, avançar com cenários “é fazer futurologia”.