Barómetro empresarial: Fosso litoral/interior aumentou em março

Segundo a análise de Pires Manso, professor catedrático da Universidade da Beira Interior e responsável do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social, o fosso entre o litoral e interior “agravou-se” no primeiro mês da pandemia, olhando ao número de empresas que encerraram e que abriram no território nacional.

Para Pires Manso “é ainda cedo para se estimar a dimensão dos estragos que a Covid-19 já fez na economia e empresas nacionais”, começa por referir, acrescentando que, contudo, “há dados que começam a dar uma ideia”, e, com base nos publicados pela consultora Informa, afirma que dá para ver que houve “bastante menos criação, mas também fecho, de empresas no país e nas regiões, e que o fosso litoral-interior tende a agravar-se com a crise. Isto no primeiro mês da era Covid-19 em Portugal, alerta.

Da análise dos números, em março do corrente ano, imediatamente após se instalar a pandemia, o número de nascimentos de empresas foi de 2278 no país (contra 4427 em 2019), das quais 20 na Beira Alta (contra 36 em março 2019) e 28 na Beira Baixa (vs 50 no ano transato). A variação do primeiro mês pós covid-19 foi negativa e de -48.5% no país, de -44.4% na Beira Alta (decréscimo menor do que no país) e de -52.5% na Beira Baixa, um decréscimo maior do que o ocorrido no país. “Estas variações agravam as disparidades regionais do país e aumentam o fosso litoral-interior”, vinca o professor, acrescentando que “em termos de encerramentos de empresas foram 1108 em 2019 e 552 em 2020 no país, -53%. Na Guarda foram 9 contra 4, logo -55.6%, e em Castelo Branco foram 10 contra 2, logo -80%, ambos os distritos com quedas maiores do que o país. Houve -8% insolvências no país, 0º na Guarda e +300% em Castelo Branco”. 

Em termos de dinâmica empresarial neste ano (abr2019-mar2020), os valores mostram que por cada empresa que fechou se abriram 2.7 novas outras no país, 2.4 no distrito da Guarda e 2.6 no de C. Branco, também estes valores mostram piores desempenhos no interior.

Para Pires Manso, “no fim do 1º mês de atividade da pandemia em Portugal e suas regiões, são já bem visíveis os seus estragos não só nas mais de um milhar de mortes de pessoas, mas também na morte de muitas empresas, no país e na Beira Interior, e no agravamento do fosso litoral-interior com o aumento das indesejadas disparidades regionais”, concluiu.