No CHUCB há 13 doentes em “internamento social” sem vaga nos cuidados continuados

Apesar de já terem alta clínica, “há 13 doentes que se mantêm no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira, porque não há vaga na rede de cuidados continuados”, disse à Rádio Covilhã o presidente do conselho de administração da unidade de saúde. Uma situação que não assume “a gravidade dos grandes centros”, mas que é o reflexo da “falta de camas que existe na Cova da Beira para esta situação”.

“Hoje foram colocados 3 doentes durante o dia e temos mais 13 que não têm condição de ir para casa”, sustentou João Casteleiro. Regra geral estes casos são de doentes que ou “não têm quem os assuma, ou estão em lista de espera para lares” disse o diretor, vincando que a maioria “são doentes com mais de 65 anos, com morbilidades e que necessitam de cuidados acrescidos”.

Recordar que foi hoje divulgado um estudo que aponta que mais de 1500 camas dos hospitais públicos são ocupadas por pessoas que já tiveram alta, mas que se mantém internadas por falta de resposta extra-hospitalar, correspondendo a 8,7% dos internamentos, revelam dados da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH).

Lisboa e Vale do Tejo são as regiões com maior número de internamentos sociais, representando 81% do total, refere o estudo, segundo o qual 80% destes doentes têm mais de 65 anos.

Uma realidade diferente da que se vive na região, garante João Casteleiro, frisando que “alguma coisa de boa o interior tem, aqui as famílias são muito mais ligadas e a população pensa mais nos seus idosos que nos grandes centros”, uma realidade que se reflete nos chamados internamentos sociais.

Ainda assim, é preciso por o dedo na ferida e na região “faltam camas para cuidados continuados”, faz questão de salientar João Casteleiro. “Em toda a Cova da Beira há 20 camas, todas da Misericórdia do Fundão, 10 para média duração (até 90 dias) e outras 10 para longa duração (mais de 90 dias)”. O clínico especifica que “nem na Covilhã, nem em Belmonte, há onde colocar estes doentes, só em lar. É uma falha da zona, que tanto a misericórdia do Fundão como a da Covilhã estão a tentar colmatar” afirmou á nossa reportagem mostrando esperança que de “o número de vagas aumente”.

O presidente do conselho de administração do CHUCB dá o exemplo de Vila de Rei, com menos densidade populacional que a Cova da Beira e que tem 68 camas, o que denota “algum desfasamento, não que lá não sejam necessárias, aqui é que é preciso haver mais”, explica.

O cirurgião avança mesmo que muitas vezes é preciso recorrer a outros concelhos, como Idanha-a-Nova ou Penamacor para colocar doentes em cuidados continuados, considerando “imperioso” que os projetos das misericórdias da Covilhã e Fundão, que preveem criar mais cerca de 80 camas, “sigam em frente”.