Demolição do “Tinte Velho” é uma “perda irreparável”

O “Tinte Velho”, que constituía o último exemplar das primitivas oficinas de tinturaria instaladas na Ribeira da Goldra, foi demolido.

Rita Salvado, diretora do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, disse em declarações à RCC que olham para a demolição, “com uma tristeza imensa e com uma grande frustração porque o desaparecimento do “Tinte Velho” é uma perda irreparável para a história da cidade”.

A diretora do Museu de Lanifícios frisou que a missão da instituição é a de “salvaguarda e de conservação ativa do património industrial da Covilhã e esta missão só se cumpre com o envolvimento da comunidade local”.

Explicou que gostavam que o “Tinte Velho” tivesse sido protegido atempadamente através da classificação de “Conjunto de Interesse Municipal”. Considera que se essa classificação tivesse sido aprovada o imóvel “teria sido protegido a tempo e a sua devolução à cidade tinha sido pensada e refletida, respeitando toda a história que esses imóveis representam”.

Rita Salvado salientou ainda que “é muito urgente retomar a carta do inventário do património industrial da Covilhã” pois trata-se de “um documento importantíssimo que foi feito com rigor científico e é um documento norteador para a recuperação e conservação do património industrial da cidade”.

O “Tinte Velho” tratava-se de uma construção antiga, junto à Ribeira da Goldra, que terá acolhido, a partir de 1759 a oficina de tinturaria com que o Capitão-mor Simão Pereira da Silva iniciara o seu complexo fabril na Covilhã.

Em 1939, a sociedade entre “Francisco Mendes Alçada, Sucessores” e Aníbal Mouzaco Alçada era já a proprietária da “Tinturaria Alçada”, tendo, nos anos 40, passado a ocupar os edifícios adjacentes, nomeadamente o espaço que é hoje o equipamento cultural municipal “A Tinturaria”.

Em 1996, após alguns anos de inatividade, cessou a atividade desta empresa.

Para conhecer melhor todas as ocupações e a caracterização do edifício, poder ler o texto referência, páginas 624-626 do Vol.2 da “Rota da Lã Translana”, de Elisa Calado Pinheiro (2009), disponível AQUI.