O European Youth Seminar é um evento digital direcionado para os alunos de Ciência Política e Relações Internacionais (CPRI). O evento tem como objetivo a discussão e apresentação de uma solução inovadora a um problema europeu existente no quotidiano dos cidadãos, à escolha de quem participa. Por ser um evento restrito a apenas vinte vagas, os interessados devem enviar um texto de reflexão dentro do prazo de 22 de fevereiro até 19 de março. Esse texto de reflexão será avaliado de acordo com os critérios de avaliação disponíveis para consulta na página do evento. Os resultados serão revelados a 28 de março. O seminário em si decorrerá no dia 8 de abril entre as 9h e as 12h via Zoom, onde a proposta final será apresentada a um Eurodeputado ligado ao Parlamento Europeu.
O +Academia esteve à conversa com um elemento do júri, o docente Hugo Ferrinho Lopes, responsável também pela receção dos textos de reflexão. Nesta conversa foi possível perceber um pouco melhor a dimensão e a importância do evento, assim como ouvir uma opinião diretamente ligada ao mesmo.
+ Academia (+A): Como explicaria, por breves palavras, o seminário e a sua relevância?
Hugo Ferrinho (HF): O Seminário Europeu de Juventude é uma atividade digital dirigida às novas gerações dos diferentes Estados-Membros da União Europeia. Qualquer grupo pode candidatar-se para discutir ideias, debater o projeto comunitário, a atualidade e as melhores políticas públicas comunitárias para responder aos anseios dos cidadãos europeus. Com a colaboração com os estudantes de Ciência Política e Relações Internacionais (CPRI) da UBI, submetemos uma candidatura a este evento organizado pelo Parlamento Europeu, que foi aceite. O objetivo principal passa por fornecer formação especializada, incluindo o contacto com um Eurodeputado e a oportunidade de lhe apresentar propostas disruptivas e inovadoras que os parlamentares podem, posteriormente, levar a uma discussão alargada no próprio Parlamento Europeu.
+A: Na sua opinião, porque acha que os alunos deveriam aderir a esta atividade e o quão benéfico acha que será para os mesmos?
HF: É benéfico do ponto de vista não convencional e profissional. Não convencional, pelas competências de soft skillsadquiridas. Serve para aprofundar as relações interpessoais e a reflexão crítica num contexto de multiculturalidade, recorrendo a um modelo semelhante ao de um plenário no Parlamento Europeu (debate e votações) em vez da tradicional sala de aula. Profissional, porque vários “CPRIanos”, como nos autointitulamos, seguem o seu percurso em organizações deste género. Lembro-me de licenciados em CPRI que trabalham na Comissão Europeia (quer na sua representação em Portugal, quer na sede em Bruxelas), nas suas Direções-Gerais e agências, no Parlamento Europeu, na Organização Internacional para as Migrações ou em embaixadas e consulados. Outros estão a trabalhar nas relações internacionais do Governo, na presidência portuguesa do Conselho da UE (quer em Portugal, quer em Bruxelas), na Administração Pública (Direções-Gerais, empresas nacionais e serviços dos municípios), ou em investigação sobre a União Europeia, por exemplo. Cabe-nos trabalhar para que as próximas gerações de graduados também se tornem exemplos de sucesso.
+A: Sendo um seminário com ligação ao Parlamento Europeu, como acha que isso impactará os alunos?
HF: Estimulará o pensamento crítico, mas com uma eventual consequência prática dessa reflexão. É um meio para aplicarem as matérias lecionadas, passando da teoria para a prática. Se a primeira é essencial, a segunda não pode ser subestimada, sobretudo, num contexto de híper-competitividade no crescente domínio de soft skills. Pelo grau de qualidade, dedicação e capacidade crítica que os estudantes da área têm demonstrado, estou plenamente convicto que a adesão será elevada. Seria um orgulho que uma das propostas tivesse seguimento no processo legislativo comunitário.
+A: Acha que essa ligação ao Parlamento Europeu é um mote para que os alunos se inscrevam?
HF: Sem dúvida. Trata-se de uma iniciativa de cidadania e democracia. Uma experiência multicultural adaptada ao século XXI, onde se procura a aproximação entre a sociedade civil – neste caso, a sua camada mais jovem – e o Parlamento Europeu. Não tenho dúvidas que estes são valores nos quais as novas gerações e, em particular, os estudantes de CPRI se reveem. Portanto, tanto o facto de estar ligada aos interesses atuais e futuros de vários discentes, bem como o facto de adquirirem novas competências e terem a possibilidade de influenciar a agenda política, são incentivos à sua participação.
+A: O professor é o encarregado de receber os textos de reflexão, como tal o que espera/gostaria de ver nos textos e do seminário em si?
HF: Se, dentro da sala de aula, esperamos a apreensão e utilização dos modelos teóricos que discutimos, aqui fico expectante em perceber de que forma os candidatos conseguem sair da “bolha” intelectual para raciocinarem sobre situações específicas e proporem soluções concretas. Espera-se sempre que os conteúdos programáticos sejam úteis aos estudantes, naturalmente. Todavia, neste caso, interessa-nos, não tanto a forma como o Parlamento Europeu é eleito, a sua composição, funções, processos legislativos ou tomada de decisão, mas, antes, a sua relevância: de que forma este pode contribuir para melhorar a vida dos cidadãos da União. É este exercício mental, que parece abstrato, que espero que estimule intelectual e civicamente os estudantes.
Com esta conversa, o +Academia espera ter esclarecido algumas dúvidas aos interessados e explorado o potencial que esta iniciativa têm e pode vir a ter a nível pessoal e europeu. Para qualquer dúvida o docente Hugo Ferrinho Lopes encontra-se disponível para esclarecer, tal como se demonstrou sempre disponível para responder ao +Academia. Para mais informações sobre o evento basta consultar aqui.
-Tiago Matos