Dois dias depois do início do serviço comercial no troço Covilhã-Guarda da Linha da Beira Baixa, a obra foi oficialmente inaugurada no final da manhã de hoje, o que significa a abertura de um novo capítulo na mobilidade da região, assegurou na cerimónia o presidente da Câmara da Covilhã.
Depois da viagem no comboio regional Guarda/Covilhã teve lugar, na estação da Covilhã, a cerimónia inaugural que contou com a participação do Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos; do Presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira; do Presidente da CP- Comboios de Portugal, Nuno Freitas e do Presidente da Infraestruturas de Portugal, António Laranjo.
“Justiça” foi uma primeiras palavras utilizadas pelo Ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, na sua intervenção, para afirmar que “finalmente o país está a fazer justiça a um meio de transporte do futuro e que não devia ter sido alvo de desinvestimento” e à população desta região.
“Este é só mais um passo em que se faz justiça e se promove um desenvolvimento mais harmonioso”, garantiu o Ministro, sustentando que “esta é também uma necessidade para o desenvolvimento nacional que deve aproveitar todo o território e não só a faixa litoral”, considerando que é preciso fazer uma “revolução na forma como se olha para o interior”.
O presidente da Câmara da Covilhã afirmou que a abertura deste troço significa “ um novo capítulo para a mobilidade na região” e vincou que a partir de agora as populações poderão, inclusivamente, “alargar mais facilmente as suas opções no mercado de trabalho, para outros concelhos, melhorando a competitividade da região, e reduzindo as necessidades de migrar para outras paragens”, disse.
O edil destaca que a reabertura de um serviço, 12 anos depois, numa zona habituada ao encerramento de serviços públicos, “é sinal que é possível inverter a lógica de um desenvolvimento do país a duas velocidades”.
Vítor Pereira avisou que é “imperioso” no entanto que o serviço seja “compatível com as necessidades”, pois só “assim alguém deixará o carro em casa”.
O autarca diz que até aqui isso não tem acontecido, “a oferta comercial não tem correspondido, os horários não são compatíveis e os preços são proibitivos” vincou o autarca, frisando “é preciso evitar que dentro de poucos anos o serviço seja extinto por alegada falta de procura”.
Neste âmbito o autarca relembrou as moções já aprovadas pela Assembleia Municipal da Covilhã e Assembleia Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, em que se reivindica “ligações de 30 em 30 minutos no eixo Guarda – Covilhã – Fundão – Castelo Branco, nas horas de ponta, com passes mensais competitivos. Ligações diretas com o norte e extensões à Covilhã de todas as ligações de intercidades da Linha da Beira Alta permitindo ligações diretas com Coimbra”, frisou.
Reclama-se ainda ligações a Espanha e a reposição do serviço sud-express que é fundamental para os emigrantes, referiu o autarca.
A redução dos tempos de ligação a Lisboa até 2030 foi outra das reivindicações da região deixada por Vítor Pereira durante a sua intervenção na cerimónia.
Para o presidente da Câmara da Covilhã o país tem, a partir de agora, “mais um eixo ferroviário para as suas exportações e estão desta forma criadas condições adicionais para a atração de investimento produtivo para a região”.
Nuno Freitas, presidente da CP considerou o dia duplamente histórico, pela reabertura de um troço que permite a ligação entre duas importantes cidades, a Guarda e a Covilhã e porque “concretiza, pela primeira vez em décadas, a inversão das políticas de encerramento que estavam a acontecer”.
Quanto ao serviço comercial esclareceu que será feito em duas fases, sendo que a primeira, nos dois próximos anos, é a que está em curso e foi condicionada pela intervenção na Linha da Beira Alta, que irá encerrar ao tráfego de passageiros em breve.
Dentro de dois anos, com a reabertura da Linha da Beira Alta e a construção da concordância da Pampilhosa, o responsável afirma que a CP irá implementar uma ligação a Lisboa e Porto pelo Interior, afirmando que será criado o serviço Lisboa – Porto – Lisboa pelas Beiras e um novo Intercidades Castelo Branco – Coimbra – Castelo Branco, criando “todo o tipo de ligações e alternativas de destino que ficarão ao dispor desta região.
Recordar que a modernização e eletrificação do troço Covilhã Guarda, da Linha da Beira Baixa, teve início em março de 2018 representa um investimento total de cerca de 80 milhões de euros, com uma comparticipação de 80% fundos europeus.
Foi feita a eletrificação total do troco (46 km) e renovação total de 36,5km de via-férrea e a drenagem e estabilização de taludes. Ao longo do troço 6 pontes ferroviárias foram reabilitadas e 3 decapadas e pintadas. Foi feita a ampliação da estação de Belmonte e remodelação das restantes estações e apeadeiros, a colocação de sinalização eletrónica e telecomunicações, a automatização de 18 passagens de nível e a supressão de uma.
A Concordância das Beiras, com 1.500 m de via, obrigou à construção de uma nova ponte sobre o rio Diz, na Guarda, e garante a ligação direta de comboios da Linha da Beira baixa com a fronteira. A renovação permite que toda a linha da Beira Baixa tenha agora capacidade para comboios de 600 m.
Após 12 anos de encerramento a linha estava invadida pela vegetação, teve que ser limpa e desmatada, nos 38 km novos, foram colocados mais de 96 mil metros cúbicos de balastro. No reforço de taludes, para prevenir desabamentos, foram utilizados mais de 78 mil metros quadrados de betão projetado, mais de 75 mil metros quadrados de redes de contenção e mais de 55 km pregagens. Para a eletrificação da via foram utilizados mais de 1.200 postes de catenária.