Edição comemorativa dos 10 anos do Festival Wool “superou as expectativas”

“Já superou as expectativas”, foi desta forma que Lara Seixo Rodrigues descreveu a 8ª edição do Festival Wool, a arte urbana que preenche as ruas da Covilhã há exatamente 10 anos.

O centro histórico da cidade voltou a servir de “tela” a vários artistas nacionais e internacionais, que representaram “valores identitários da nossa região”, em quatro novos murais, que permitem “redescobrir-nos a nós próprios”, tal como referiu a cofundadora do Wool.


Marta Lapeña, artista espanhola, deixou a sua marca com um mural que faz referência à “indústria e aos bens que a terra e a Serra da Estrela podem oferecer ao seu povo”. Para a artista estreante, participar neste festival é “uma oportunidade profissional e pessoal, pois permite conhecer diversos artistas”.

O legado da região serviu também de inspiração à dupla Coletivo Licuado, composta por Florencia Durán e Camilo Nuñez. Estes uruguaios decidiram representar a “expedição científica que subiu à Serra da Estrela há 140 anos”, nas paredes próximas ao Arquivo Municipal.

A estes artistas estrangeiros juntam-se artistas nacionais como Daniel Eime e The Caver, que também pintaram uma nova vida nas fachadas dos edifícios do centro histórico da Covilhã.

Ainda no âmbito desta 8ª edição, contam-se as residências artísticas da fotógrafa e artista visual Raquel Belli e Nuno Sarmento, cuja “missão” foi a de desenhar, num rolo de papel, a “memória e narrativa visual, daquilo que foi e é este festival” ao longo dos 10 anos de existência.

Aheneah, a artista da ação comunitária “Juntos, ponto por ponto”, que envolveu várias pessoas na sua execução, revelou que tem sido “muito bom estar envolvida, conhecer melhor a cidade e ouvir tantas histórias e partilhas”.

Lara Seixo Rodrigues, cofundadora do Wool, fez um balanço “bastante positivo” a esta edição do Wool, com atividades que esgotaram rapidamente e que trouxeram “muita gente à Covilhã, vindas de diferentes pontos do país e do mundo” para acompanhar o festival. “Não podíamos estar mais felizes”, reforçou.

Segundo a cofundadora do Wool este ano “tinha que ser especial” e por isso o festival contou com uma programação “mais alargada”. Murais, residências artísticas, exposições, conversas com artistas, um filme musicado e visitas guiadas, “tudo isto faz do festival especial”.

Ao longo destes 10 anos, o festival não se restringiu à Covilhã e percorreu outros lugares dentro e fora do país. Somam-se mais de 120 intervenções, com mais de 70 artistas nacionais e internacionais, e foi graças a este festival que “começaram grandes nomes da arte urbana nacional”, recordou a co-fundadora. Mas é na Covilhã que o Wool, enquanto festival, acontece, pois é aqui que “faz mais falta e tem mais impacto”, acrescentou.

A “coesão territorial e cultural” continua a ser o foco deste festival de arte urbana e para isso é necessário “continuar a mostrar a Covilhã” e alargar o roteiro a outros pontos da região.