Visão Estratégica para a BI 2030: “Interior não pode significar atraso e descriminação”

No 1º Encontro de Trabalho – Visão Estratégica para a Beira Interior 2030, que teve ontem lugar na Covilhã, o presidente da Comissão de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), António Costa e Silva, frisou que “Interior não pode significar atraso e descriminação” vincando que “temos de mudar esse paradigma”.

Revelou que “foi por isso que no documento da visão estratégica” referenciou “os exemplos extraordinários que nós temos na Covilhã ao nível do polo das ciências biomédicas” e das “várias indústrias, do polo das tecnologias agrícolas e do têxtil”.


O presidente da Comissão de Acompanhamento do PRR defendeu que é necessário capitalizar e financiar as empresas, chamando a atenção para as competências e a qualificação das pessoas e para a forma como se deve adaptar a oferta formativa às necessidades das empresas no território.

António Costa e Silva deixou também clara a necessidade de, na região, se olhar para os têxteis, para a robótica, a inteligência artificial, a gestão dados e para o “mundo bio”, ou seja, a biotecnologia, bio economia e as biociências.  

Para o presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE), Luís Tadeu, “o PRR esqueceu o turismo”, adiantando que é necessário “capacitar e apostar ainda mais no nosso turismo e no nosso território”.

Questionou António Costa e Silva se o PRR “vai efetivamente apostar neste setor, que no nosso território tem um papel fundamental e decisivo, não só em termos de emprego, mas também em termos da riqueza que gere”.

As estratégias a adotar para captar jovens para viver no interior foi outra das questões lançadas por Luís Tadeu.

Em resposta, o presidente da Comissão de Acompanhamento do PRR defendeu que deve ler-se “o paradigma dos jovens e ver como os podemos mobilizar”, afirmando que “a internet do território é o que vai alavancar tudo, os jovens gostam da tecnologia e da digitalização”.

“As novas gerações têm um paradigma mental completamente diferente do nosso, estão muito interessadas no combate à ação climática, são capazes de ser mobilizadas para a luta contra a desertificação do território, querem vir para o campo e sair das cidades e alguns apostam na agricultura ecológica”, reforçou.

No que toca ao setor do turismo António Costa e Silva admitiu que o PRR “não o menciona”, mas reconhece “que é um dos setores chave do país”.

Considera que na região da Cova da Beira “há sinergias extremamente importantes para criar em relação ao turismo”, como por exemplo “com o setor agroalimentar, a gastronomia, a restauração, para também se poderem rever os destinos tradicionais”.

António Costa e Silva sublinhou ainda, que no âmbito do PRR, a área do turismo pode ser aproveitada “em termos da digitalização”, visto que “as empresas turísticas podem candidatar-se a um grande projeto de digitalização com a reconversão destes destinos” e a “parte da sustentabilidade com a transição energética nos hotéis e centros de referência”.  

Referir que a iniciativa foi organizada pela Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB), Associação Empresarial da Região da Guarda (NERGA) e pelo Movimento Empresários P’la Subsistência do Interior, com o objetivo de encontrar propostas concretas e exequíveis que permitam convergir a região com o resto do país.