Cova da Beira regista 102 casos de violência doméstica em 10 meses. 42 são idosos

A percentagem de novos casos de violência doméstica na Cova da Beira mantém-se “em linha” com os números do ano passado, no entanto, há a destacar o aumento de cerca de 10% no acompanhamento a pessoas idosas que representam 17,8% das vítimas, ou seja, 42.

Nestes dados, facultados pelo Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica da CooLabora, há também um “aumento exponencial” na procura de apoio por vítimas com processos abertos em anos anteriores, sendo que no período em análise, de 1 de janeiro a 31 de outubro, foram atendidas neste Gabinete 134 vítimas, que se juntam às 102 novas situações registadas, perfazendo um total de 236 vítimas atendidas.


Das vítimas atendidas, 89,8% são do sexo feminino, sendo que a faixa etária predominante é entre os 36 aos 45 anos, reunindo 26,3%. A prevalência de vítimas do género feminino demonstra que “a violência doméstica é um problema de género”, afirmou Diana Silva, técnica de apoio a vítimas na Coolabora, na conferência de imprensa de apresentação dos dados deste Gabinete.

Em 33,9% das situações de violência doméstica registadas, as vítimas tinham filhos menores a cargo e em 36,4% existia co-habitação com a pessoa agressora.

No que diz respeito à tipologia da violência, em 70,8% das situações existia violência física e a psicológica estava presente em 96,6% dos casos; 39% das vítimas já tinham queixa apresentada quando chegaram ao Gabinete.

Diana Silva destacou, ainda, que durante a pandemia o Gabinete “nunca deixou de funcionar presencialmente, mesmo durante os períodos de confinamento obrigatório” visto que “a violência doméstica não para em situações anómalas” e por isso foi importante “manter e reforçar” este apoio.

Ao Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica juntam-se outras soluções de prevenção e combate à violência contra as mulheres, na Cova da Beira, como a Violência Zero, o Devo.L.Ver e o Rasgar Silêncios (oficinas de escrita autobiográfica para sobreviventes de crimes de violência doméstica).

A Rede Violência Zero conta com mais de duas dezenas de membros, entre os quais estão as forças de segurança, os serviços de saúde, o Ministério Público e outros serviços desconcentrados da administração central, Ordem dos Advogados, UBI, CPCJ e autarquias dos 3 concelhos, entre outros. Esta Rede tem permitido “rentabilizar recursos e evitar a duplicação de esforços” sublinhou Graça Rojão, técnica na Coolabora.

O Devo.L.Ver é uma resposta de apoio psicológico e psicoterapêutico para crianças e jovens que conta com 3 núcleos de atendimento, na Covilhã, Fundão e Belmonte, onde se encontram em acompanhamento 12 crianças e 5 jovens. O projeto teve início a 6 de setembro deste ano e, nestes dois meses, foram realizadas 29 consultas presenciais, predominantemente em com idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos de idade.

Os pedidos de acompanhamento no Devo.L.Ver devem-se maioritariamente a comportamentos de “ansiedade, isolamento, sintomatologia depressiva” e de “impulsividade, agressividade na interação com pares, desafios a figuras de autoridade” referiu Raquel Bernardino, psicóloga deste projeto.