Engenheiro eletrotécnico acusado de atear 16 fogos na região

Nelson Afonso, de 38 anos, empregado de uma empresa de pirotecnia de Oleiros, foi acusado, esta quarta-feira, pelo Ministério Público, de 16 crimes de incêndio florestal, um deles agravado pela morte de um bombeiro de Proença-a-Nova durante o combate às chamas.

Os 16 fogos decorreram na zona do Pinhal Interior entre 2017 e 2021, tendo provocado um morto, dois feridos graves, três feridos ligeiros, dezenas de lesados que perderam casas, máquinas e culturas. Foi destruída uma área de floresta superior a 63 mil hectares em localidades como Oleiros, Proença-a-Nova e Vila de Rei.


A primeira ignição terá acontecido logo em 22 de junho de 2017, na zona da Sertã, ainda o trágico incêndio de Pedrógão Grande não tinha sido dominado. À data, foi detetado na terra queimada um engenho eletrónico idêntico aos que vieram a ser descobertos nos anos seguintes e que acabariam por relacionar os fogos com o mesmo autor.

Segundo a acusação, o arguido comprou, via internet, mas com recurso a um sistema que lhe permitia o anonimato, 26 placas temporizadoras usadas na construção dos engenhos incendiários, também constituídos por lâmpadas de halogénio, cabos elétricos, pilhas de nove volts, que acionava remotamente e, por vezes, em vários locais em simultâneo. De preferência, em zonas de declive acentuado, na base de linhas de água e com muito combustível.

Sobre os factos, o engenheiro eletrotécnico disse apenas que foi um caso pontual, motivado pelo trauma de ter assistido à morte do pai num acidente de trator. No entanto, a perícia psiquiátrica, pedida pelo advogado, indica que a perturbação depressiva de que é portador e não o torna inimputável, conseguindo distinguir o bem do mal.

Seis meses depois da detenção, Nelson Soares é agora acusado pelo MP e deverá continuar em prisão preventiva na cadeia de Castelo Branco, sendo que a defesa já apresentou um pedido de libertação, alegando que o prazo máximo para o acusar acabava a 18 de janeiro.