Promover a integração social e o diálogo intercultural é o grande objetivo do projeto “Tecer a Diversidade”, que, durante o ano de 2022, será dinamizado pela Câmara Municipal da Covilhã em parceria com a Coolabora e a associação Beira Serra, junto da comunidade de migrantes do concelho, estudantes internacionais da UBI e famílias de etnia cigana.
O projeto foi apresentado esta quinta-feira, numa conferência de imprensa em que participaram as três instituições, bem como diversas entidades locais, como escolas, juntas de freguesia, GNR, PSP e Santa Casa da Misericórdia da Covilhã, que terão também um “papel importante a desempenhar junto das comunidades a que o projeto se destina”, frisou a vereadora da ação social no município, Regina Gouveia.
O “Tecer a Diversidade” terá principal enfoque na cidade da Covilhã e nas freguesias da Boidobra, Teixoso e Tortosendo, em especial nos bairros sociais. A intervenção direta na comunidade será feita por um grupo de 3 jovens mediadores, escolhidos por pertencerem, e conhecerem, o seu público-alvo, foi explicado aos jornalistas, vincando que um deles é de origem brasileira, sendo conhecedor da comunidade de estudantes estrangeiros da UBI, e um outro é de etnia cigana.
Para a promoção da inclusão social destes grupos, os mentores irão intervir em áreas específicas, para trabalhar questões como “a coabitação e relações de vizinhança”, destacou Regina Gouveia, frisando que as questões económica e educativa também teriam que estar envolvidas no projeto, tendo em mente promover “uma interculturalidade positiva”, disse.
A autarca considera que “todos os objetivos estratégicos” do projeto pressupõem “a criação de sinergias e redes entre as entidades”, sustentando que “dado o número de instituições que responderam presente a esta apresentação, temos que considerar que estamos no bom caminho o que augura um bom desenvolvimento dos objetivos comuns”, referiu.
Em representação da direção da Associação de Desenvolvimento Beira Serra Luís Garra afirmou que “é uma honra” integrar “esta parceria, por esta responder a uma necessidade dos tempos que estamos a viver”. Afirma que com este projeto se destaca “a importância da inclusão contra a exclusão, num tempo em que o discurso da exclusão ganha espaço mediático e é preciso ser contrariado com ações concretas”.
Destacou ainda a importância de ter uma “enorme capacidade de acolhimento e integração” para ter “ao nosso lado pessoas que têm diferentes formas de ver e de estar”.
Luís Garra recordou que a Beira Serra já tem uma “intervenção reconhecida na área social”, junto das comunidade mais excluídas, nomeadamente da comunidade cigana, frisando que este projeto, não sendo uma novidade, “vai colocar novos desafios”.
Rosa Carreira, da Coolabora, complementou estas ideias, salientando a importância de combater “estereótipos”. Sustenta que este “é um desafio que não poderiam deixar de aceitar”, uma vez que “desde a sua fundação a Coolabora luta pelos direitos humanos e estes projeto representa essa luta”, disse.
Destacou que o projeto foi elaborado tendo por base a experiência da Associação Beira Serra e da Coolabora no trabalho com estas comunidades e também de inquéritos, cerca de 700, que foram feitos para conhecer as principais necessidades, tanto da comunidade cigana como da migrante.
Para atingir os objetivos propostos o projeto Tecer a Diversidade será desenvolvido em 4 grandes áreas. Educação, Habitação, Saúde e Emprego, foi explicado durante a conferência de imprensa.
Na área da educação serão desenvolvidas as ações “Grupo de Mentores para Jovens em Ação”, que tem como público-alvo a comunidade cigana, e a “Escola e a Diversidade Cultural” que será realizada junto das escolas.
Na habitação há 3 ações distintas. A “Família (Im)perfeita”, que será realizada junto da comunidade cigana, especialmente a que reside nos bairros sociais. Uma ação que pretende construir um jogo de tabuleiro para despertar para as tarefas domésticas. Ainda a ação “Teatro em Ponto Pequeno”, que envolverá entidades públicas e privadas. Está ainda em perspetiva a criação de uma “Plataforma de Arrendamento Inclusivo” onde senhorios e potenciais arrendatários poderão encontrar casa.
Na área da saúde estudantes de medicina e enfermagem vão realizar “Consultas de “Especialidade”” para, de forma informal, conhecerem melhor nas necessidades destas comunidades. Será ainda desenvolvida a campanha “Haja Saúde” para promover hábitos de vida saudáveis.
Na área do emprego será realizada uma “Campanha de Sensibilização das Empresas” para as boas práticas na inclusão, sendo que será criado o “Prémio Municipal Empresa Inclusiva”. O objetivo é que no final do projeto haja pelo menos 30 empresas com este título, foi ainda referido.
O projeto pretende ainda realizar ações de entreajuda e troca de ideias entre as comunidades em que intervém, e promover a formação de voluntários.
Terminará com a realização de um Festival/Fórum da Diversidade.
De referir que no concelho da Covilhã há cerca de 500 famílias de etnia cigana, cerca de 1600 migrantes e na UBI há 1800 alunos estrangeiros, que serão abrangidos pelo Tecer a Diversidade.