Os municípios da Covilhã, Manteigas e Seia e a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional assinaram ontem, segunda-feira, o protocolo de cedência dos 2 edifícios da Torre que integram o domínio público militar.
Este acordo autoriza os três municípios a utilizarem a antiga torre da Força Aérea, que se encontra desativada, e o túnel subterrâneo que faz a ligação com a outra torre ali existente, que está a ser utilizada pela Força Aérea e pela GNR.
O presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Vítor Pereira, esclarece que o objetivo é recuperar a torre, uma vez que se encontra completamente “degradada”, o que se traduz numa “imagem negativa para os turistas”.
A fim de aproveitar os recursos naturais, as três autarquias pretendem criar um observatório astronómico no ponto mais alto de Portugal continental, “sem a poluição luminosa que existe noutros sítios”.
Pretendem, também, melhorar as condições de acolhimento e informação turística. “É fundamental que naquele local exista um posto avançado e qualificado para fornecer informação aos turistas, recorrendo às novas tecnologias ou às tradicionais”.
O aproveitamento das estruturas subterrâneas também faz parte dos planos, sendo que o objetivo é dinamiza-las também sob o ponto de vista turístico.
“Vamos puxar pela imaginação e ver o que vamos fazer neste aspeto à semelhança do que acontece, por exemplo no turismo mineiro, entrando nas catacumbas”, refere o autarca.
Este “momento simbólico” teve a “maior importância para a criação de sinergias”, vincou Vítor Pereira, acrescentando que “hoje estamos aqui pelo turismo, mas podem surgir mais projetos entre estas autarquias”.
O presidente destacou a Serra da Estrela pelo seu grande valor enquanto “motor da economia, âncora do turismo regional e fundamental para o desenvolvimento da nossa região”.
Revela que as autarquias ainda se encontram a estudar o conceito de gestão do edifício mas que “é urgente capacitar este diamante por lapidar”.
Flávio Massano, presidente da Câmara Municipal de Manteigas, na sua intervenção, aproveitou para realçar o “importante reconhecimento do governo central de que os municípios são parte integrante da administração da infraestrutura nacional”.
“Temos um estado bastante rico em termos de infraestruturas, mas que por vezes não lhes consegue dar resposta”, sendo que os “municípios e parceiros têm ideias, mas não tem como ficar com essas infraestruturas”, explica o autarca.
“Felizmente o Governo tenta agora descentralizar este edificado”, vinca.
“A Serra da Estrela é o melhor produto, não só da região, mas do centro do país. Temos aqui uma marca e temos de exigir que este ponto consolide os visitantes, investimentos e atividades”, conclui, destacando, também, os futuros entendimentos que podem surgir entre estas câmaras vizinhas.
O presidente da Câmara Municipal de Seia, António Luciano Ribeiro, esclarece que pretendem “uma Serra da Estrela bem clara, sem regionalismos mas cientes daquilo que é o seu verdadeiro território para que possamos ter novos projetos e novas ações de valorização do território”.
“Temos de dar a volta à torre e isso passa por conseguirmos um financiamento conjunto, em particular parcerias, e um modelo para requalificarmos este espaço”, apontou.
O Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches, referiu que aquilo que estes 3 municípios e o estado, com este protocolo, demonstram é que “os serviços públicos se se entenderem servem muito melhor as suas populações”.
Destacou, ainda, a colaboração entre os presentes que “possibilitou esta opção para transformar aquilo que hoje está abandonado no que pode ser uma oportunidade económica, turística e cultural para a nossa região”.
“Que isto seja um exemplo para todo o país, para todo o património que não está a ser utilizado”, conclui.