Ciclovias e sistema de mobilidade da Covilhã “aquecem” reunião pública da autarquia

O sistema de mobilidade da Covilhã e a rede ciclável da cidade foram dois dos temas fraturantes na reunião pública da Câmara Municipal da Covilhã.

O sistema de mobilidade foi abordado no período antes da ordem do dia, pela oposição, que questionou a maioria socialista sobre o ponto da situação. “Já estamos há cerca de dois anos com esta situação do sistema de mobilidade”. “Estamos a chegar ao fim de mais meio ano e mais 735 mil euros, e gostaria de perguntar se, finalmente, temos luz verde”, questionou Ricardo Silva, vincando que “não é só pela questão dos 735 mil euros semestrais, que preocupam, mas é porque o sistema de transportes não está a funcionar”, disse.


Vítor Pereira mostrou “vontade de celebrar o contrato com rapidez”, mas explicou que se “espera a resposta do Tribunal de Contas”, recordando que o concurso para a concessão “foi lançado numa época da vida do país em que tudo era mais complicado, mais lento”.

“Impacientemente mas temos que aguardar”, sublinhou. “As regras do jogo ditam que o Tribunal de Contas diga, podem contratar” afirmou.

“Espero mesmo que seja impacientemente” comentou Ricardo Silva, o que levou Vítor Pereira a responder que essa é uma “insinuação torpe”, que dá a ideia que a autarquia não quer que o sistema entre em funcionamento. “Eu digo que estou impaciente e o senhor responde “espero”, parece que está a duvidar”, vincou o autarca.

Ricardo Silva concluiu que “o que todos queremos é que o sistema entre em funcionamento e foi por isso que trouxe o assunto”, disse

Este é um tema que caba por se cruzar com a rede ciclável prevista para a Covilhã, uma vez que parte do sistema de mobilidade contempla a utilização de bicicletas e trotinetas elétricas.

Na reunião pública, a propósito da revisão de preços da empreitada da obra de implantação da ciclovia da rede ciclável da cidade, a discussão voltou gerar-se.

Pedro Farromba, considerou que nestas ciclovias, “já se gastaram 201 mil, de 294 mil euros previstos, para fazer não sabemos o quê”. Frisando que “as bicicletas elétricas continuam no armazém da Câmara” e “nada se vê a não ser “calquitos” na cidade”.

Afirmações que valeram uma troca de argumentos entre este e Vítor Pereira. Quando o plano de mobilidade estiver a funcionar já verá toda a utilidade”, sustentou o presidente da Câmara.

Farromba manteve a sua posição e questiona “onde está a ciclovia?” Perguntando se “diz respeito aos Calquitos que estão no chão?”

Tenha paciência, há vários locais assinalados com ciclovias”, respondeu Vítor Pereira, com Farromba a insistir que tudo não passa de “uns calquitos no chão”.

Uma teoria da oposição que “será deitada por terra” no dia em que “o sistema de mobilidade entrar em vigor”, uma vez que “passarão a ver a utilidade que agora não vêm”, sublinhou o presidente da Câmara, destacando a articulação com os elevadores e tudo o resto que faz parte desse sistema.

O vereador José Miguel Oliveira pediu a palavra para explicar que “o projeto de mobilidade ciclável está inserido numa candidatura a fundos comunitários, que incluiu diversas tipologias, consoante o local, uma vez que os arruamentos na cidade, nem sempre permitem a construção de ciclovia dedicada, sendo esta partilhada, nalguns locais, com os automóveis. “Os calquitos, como diz, são lembranças constantes aos automobilistas que a via é partilhada com bicicletas”, afirmou.

Explicou que a rede vai trabalhar, de forma complementar, com o restante sistema de mobilidade que aguarda visto do Tribunal de Contas, para a sua contratação.

José Miguel Oliveira acrescenta ainda que “não é politicamente honesto” reduzir a rede ciclável da Covilhã aos tais calquitos, afirmando que “a Covilhã tem, prontos a funcionar, 21 postos de carregamento de bicicletas, e passar por eles e não os ver não é correto da sua parte”, disse.

Uma acusação a que Pedro Farromba deu resposta. Diz que temos carregadores que não são utilizados, quando as bicicletas vierem muito possivelmente esses carregadores já nem vão ser usados nas bicicletas de nova geração que têm avanços tecnológicos todos os dias, e o senhor diz que eu é que sou politicamente desonesto?”, questionou.   

Pelo meio da discussão, José Miguel Oliveira já tinha convidado Pedro Farromba para um passeio de bicicleta, logo que a rede ciclavel funcionar. Um convite a que Pedro Farromba respondeu com outro.

“Eu faço um desafio, vamos os dois, quando melhorar o tempo andar nesta, naquela que diz que é a rede ciclável, e vamos ver se aquilo que o senhor diz que é fácil e que as pessoas podem lá andar, ver se é verdade ou não”, desafiou.

José Miguel Oliveira “prefere esperar” pelas bicicletas elétricas, mas destacou que “basta olhar para a cidade, quando há bom tempo, para ver que o número de utilizadores da bicicleta aumentou consideravelmente”. “É público e notório e quero acreditar que para isso contribuiu o dinheiro investido pela Câmara Municipal”, disse.

Quanto ao ponto em agenda, foi aprovado, com o voto contra da oposição.