Um artigo científico da Universidade da Beira Interior (UBI) recebeu o prémio de melhor apresentação num congresso científico dedicado à área espacial, o 4th Symposium on Space Educational Activities, que teve lugar em Barcelona. O evento reuniu 450 participantes, incluindo profissionais ligados à NASA e à Agência Espacial Europeia, e contou com mais de 120 comunicações.
O trabalho que recebeu o “Best Oral Presentation” tem como título “Development of a Low-Cost Ground Segment Capable of Receiving Data from Nanosatellites: a Partnership between Brazil and Portugal” e foi apresentado em Espanha pelos estudantes de Engenharia Aeronáutica Júlio Santos e Jeremy Silva.
Com a comunicação, deram a conhecer a iniciativa luso-brasileira, criada por alunos da UBI, em parceria com estudantes da Universidade Federal de São João del-Rey, que teve como objetivo receber dados de nanosatélites do tipo Cubesat e PocketQube, desenvolvendo duas estações terrestres, capazes de trabalhar em conjunto para receber dados de telemetria e decodificar informações.
O projeto foi incubado no Spacelab, o primeiro laboratório de engenharia espacial da UBI, cofundado pelos elementos que apresentaram os artigos. Este laboratório conta atualmente com cinco linhas temáticas: Astrodinâmica, Aplicações Espaço-Terra, Cibersegurança no Espaço, Propulsão e Sistemas Espaciais.
A concretização do projeto foi possível graças à colaboração da professora Sandra Mogo, do Departamento de Física da UBI, que disponibilizou o seu gabinete, bem como o terraço onde foi instalada a estação terrestre, e ainda à empresa Spaceway, fundada por alunos da UBI, que financiou o material.
De acordo com os autores do artigo, após este reconhecimento no Congresso, a investigação no Spacelab vai continuar, com novos desafios, designadamente “ao nível da redução da interferência” e na melhoria do segmento terrestre da UBI, com estruturas que não causem interferência, o que permitirá melhores performances. Adicionalmente, há a intenção de incluir a capacidade de transmissão ao segmento, que atualmente conta apenas com receção.
“Este trabalho possibilita uma enorme transferência de conhecimento, uma vez que inclui áreas muito diferenciadas. Atualmente, temos estudantes de engenharia informática que contribuíram na parte de software do segmento. Contudo, para que conseguissem implementar este conhecimento, foi necessário aprenderem sobre diversos conceitos de engenharia aeroespacial, pelo que este projeto se revelou bastante curricular”, referem ainda.
Prevê-se que este trabalho abra as portas para outros alunos da universidade, não só no ramo das telecomunicações espaciais, mas também no processamento de sinal e desenvolvimento de interfaces gráficas. Os estudantes pretendem também desenvolver a sua própria dashboard, que permitirá agendar seguimentos de satélites de forma remota.
Júlio Santos e Jeremy Silva apresentaram ainda outro artigo científico no congresso com o título “How to Manage a Rocketry Student Project while Mitigating COVID-19”, que aborda o projeto Fénix, o qual conta com cerca de 30 alunos da UBI e 13 da Universidade de Coimbra, envolvidos na construção de um foguetão. Este projeto será finalizado em outubro deste ano, com a participação no European Rocketry Challenge (EuRoC), em Ponte de Sor.